Cientista política, professora e pesquisadora. Doutoranda em Ciência Política na Universidade de Brasília, mestra em Ciência Política pela Universidade Federal do Piauí, pesquisa políticas públicas. Faz parte da Red de Politólogas e da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas. Escreve sobre política, literatura e psicanálise
No Brasil, apesar do interlúdio, a extrema-direita reconhecidamente antidemocrática segue à espreita e a direita fisiológica, chantageia o atual governo sem nenhum pudor, está mais que disponível para nova empreitada autoritária
Quando escolhi fazer ciências sociais, quinze anos atrás, não sabia exatamente o que fazia a profissão. Ao escolher o mestrado em ciência política, já tinha certeza. Hoje, no doutorado, tenho dúvidas. O mundo mudou bastante nos últimos dez anos, mais do que na década anterior e de uma maneira radical. A famigerada democracia respira por aparelhos em muitos lugares.
Ao que parece, cientistas políticos estão intimamente ligados à democracia, é uma profissão que não faz sentido em contextos autoritários. Além disso, se demanda uma certa ética de alguém que estuda cientificamente (esse advérbio de modo é muito importante) a política, a mesma que começou cinco séculos atrás com Maquiavel.
Nos propomos a examinar a realidade "como ela é" e não como pode ou deveria ser, isso a gente deixa para a filosofia política ou para juristas. Por isso, a democracia é condição sine qua non para a existência da ciência política como tal, porque sustentar esse ciência do nome, tão importante à categoria, depende de uma série de garantias democráticas.
No Brasil, apesar do interlúdio, a extrema-direita reconhecidamente antidemocrática segue à espreita e a direita fisiológica, chantageia o atual governo sem nenhum pudor, está mais que disponível para nova empreitada autoritária. Afinal, a cadela do fascismo está sempre no cio, como diria Bertoldt Brecht. E falando em cadela do fascismo, ela está se multiplicando nos Estados Unidos, basta abrir os jornais, até mesmo aqueles que performam a velha síndrome de vira-lata, para ver as notícias distópicas.
Ao redor do mundo, tiranos têm sido eleitos ou quase eleitos com plataformas políticas abertamente violentas e excludentes, prometendo extermínio da diferença. Não são poucos os países mergulhados numa polarização assimétrica, na qual um lado clama sobrevivência e a outra parte quer a aniquilação do "outro". Me pergunto como é possível exercer uma profissão como essa em tempos de emergência do autoritarismo.
Já adianto ao leitor que não tenho muitas respostas, como boa cientista política, tenho apenas hipóteses. Uma delas é que quanto pior a democracia, mais difícil fazer ciência política, portanto, é questão de sobrevivência atuar pelo fortalecimento das instituições democráticas partindo do reconhecimento de que as desigualdades obscenas ferem o princípio básico da democracia, que é a cidadania a todas as pessoas.
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