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A chance de ir além de um post anônimo no Dia do Orgulho LGBTQIA+ passou
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc

André Bloc esportes

A chance de ir além de um post anônimo no Dia do Orgulho LGBTQIA+ passou

Ceará se calou no Dia do Orgulho, mas o Fortaleza também pecou ao não se posicionar sobre Richarlyson, ex-jogador do clube. O volante assumiu a bissexualidade
Ex-jogador Richarlyson defendeu o Fortaleza em 2003 (Foto: Arquivo)
Foto: Arquivo Ex-jogador Richarlyson defendeu o Fortaleza em 2003

Chega a ser bonito ver o movimento em redações esportivas em datas comemorativas de direitos de minorias. Conforme se tornou tradição, clubes se organizam para celebrar a diversidade das respectivas torcidas em dias como o do Orgulho LGBTQIA+ e os jornalistas se adequam neste sentido.

Ainda hoje, a editoria de esportes é um ambiente quase todo normativo. Quase tanto quanto o futebol em si, com os ideias de masculinidade. A monitoria de redes sociais, protagonizada majoritariamente por homens brancos e heterossexuais, é um reflexo do meio jornalístico, costumeiramente mais liberal.

No Estado, quatro clubes se manifestaram no dia 28 de junho: Atlético-CE, Ferroviário, Fortaleza e Icasa. Ou seja, o Ceará volta a ser ausência. Existia até uma expectativa de manifestação do Alvinegro, já que o clube cearense postara sobre o assunto no dia 17 de maio, Dia Internacional da Luta contra a Homofobia. O silêncio, entretanto, imperou.

Outro silêncio me incomodou mais. E pode parecer que eu peço um braço a quem me ofereceu o dedo, mas falo do Fortaleza. "Pera lá, o Tricolor se manifestou!", argumenta o leitor mais atento. Ouso pedir algo menos... generalista. Porque 2022 deu uma oportunidade de se posicionar de forma mais direta.

Conforme já discuti na semana passada, Richarlyson se assumiu bissexual. E muito se noticiou que era o primeiro atleta brasileiro a ter jogado a elite nacional a "sair do armário". E a primeira partida dele pela Série A foi pelo Fortaleza, que não dedicou uma palavra ao atleta. Alguns ex-clubes do volante, Atlético-MG, São Paulo, fizeram homenagens. O clube cearense tinha essa oportunidade. Ainda tem, reitero. Orgulho não é coisa restrita a data comemorativa.

O maior mérito de Richarlyson é que o tema homossexualidade no futebol (bissexualidade, no caso dele) deixa de ser uma suposição. Não é elucubração, é um fato assumido. Um fato trajado com orgulho. Com rosto, nome e sobrenome.

Richarlyson existe. E Richarlyson sofreu preconceito. Em cada clube em que jogou. Inclusive no Fortaleza.

Se existem diferenças entre o atleta e clube, que sejam superadas. Existem coisas mais importantes.

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