Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Róger Guedes, atacante do Corinthians, usou a jornalista como bode expiatório para atacar quem critica a contratação de um técnico condenado por estupro. Por que sempre ela?
Foto: Globo / Ju Coutinho
Ana Thaís Matos, comentarista esportiva da Globo
"Infelizmente, vivemos em um momento em que as pessoas julgam, colocam muito o dedo e não deixam a pessoa provar sua inocência. As pessoas precisam rever as falas. A Ana Thaís aí, fala bastante. Particularmente em mim ela bate bastante, sem motivo algum. Eu citei a Ana Thaís porque ela é uma das pessoas que atacou muito o Cuca. Ela tem provas para falar dele? Não tem provas para falar dele. Então, ela quer julgar o quê? Com certeza ela já errou um monte de vezes na vida também". Essa é a íntegra de uma fala do atacante Róger Guedes.
Eu podia rebater ponto a ponto. Ressaltar que Cuca teve 35 anos para "provar inocência". Que uma coisa é errar, outra coisa é mentir seguidamente sobre um estupro de uma menina de 13 anos — que ele pode ou não ter cometido, conforme confabulei semana passada, antes de novas evidências contra o treinador surgirem direto da Suíça. Mas, hoje, prefiro me ater à vítima.
Em 2020, houve uma votação no Twitter, a Copa de Pior Jornalista. E eu tenho certeza que aquele movimento todo era direcionado a mostrar que "o público" iria eleger a Ana Thaís Matos como a pior. Porque sempre houve um hate sem nexo. Por sorte, naquela época, Flávio Gomes e André Rizek sequestraram a pauta ao fazer campanha para ganharem o abacaxi.
A verdade é que Ana Thaís consegue se impor. É convicta nas próprias opiniões, o que é um mérito enorme. Não a conheço, mas gente do meio já me disse que é alguém que se prepara metodicamente para qualquer transmissão de jogo. Até por isso já ouvi torcedores de Ceará e Fortaleza — sempre exigentes na carência de representação na mídia sudestina — elogiarem a escalação dela. Mas a verdade é que ela não tenta dizer o que o público quer ouvir e eu mesmo já me irritei um par de vezes.
Como é uma referência para a geração atual de mulheres no jornalismo esportivo, acaba que ela pintou um alvo na própria testa. Dia desses, criaram um fake verificado — obrigado, Elon Musk — da Ana Thaís. A troco de quê? A presença dela é um canal onde canalhas expressam o próprio ódio machista. Porque os ataque vão além da discordância, como Róger Guedes tão bem ilustra.
Eu me lembro de, no final da minha adolescência, discordar de tudo que ouvia a Ana Flávia Gomes dizer na TV esportiva cearense. Talvez se eu fosse heterossexual, tivesse dado vazão à misoginia que estava incutida em mim ali. Cresci para aprender que mulheres inteligentes não me ameaçam — e trazem novas perspectivas a qualquer debate.
Falta maturidade ao futebol. Desejo que cresçam. E respeitem a Ana Thaís Matos, quando ela acertar e quando ela errar. Mulheres também são humanas, sabe?
Nota de férias
O colunista aqui vai tirar um mês de férias. Quem sabe até jogar bola. Fiquem bem por aqui.
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