Marta vai se aposentar como a maior atleta LGBTQIA+ da história
Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Em 2021, levantamento do site internacional OutSports apontava 15 atletas brasileiros na lista de 158 esportistas assumidamente LGBTQIA+ nas Olimpíadas de Tóquio. Eram 14 mulheres e um homem. Eram sete jogadoras de futebol, oito dos demais esportes somados.
Quando a gente fala em inclusão de LGBTs no esporte, a gente fala de homens. No máximo também em mulheres trans. E as mulheres lésbicas, bissexuais, pansexuais acabam escondidas pelo ambiente mais complacente que construíram. Pelas qualidades, elas perdem a vitrine naquilo que pode parecer uma disputa de opressões.
A maior atleta da história do esporte mais popular do mundo é uma mulher lésbica. E a gente assume que isso é pouca coisa porque existem tantas mulheres assumidas no futebol.
O esporte feminino tem disso. Para dimensionar feitos exclusivos delas, cria-se um paralelo com eles. Já ouvi muito o dizer de que "Marta é a Pelé de saias". Eu diria que ela é a Marta de chuteiras mesmo.
Admito a tentação de tentar dimensionar como seria se Messi fosse gay para mostrar a imensidão de representatividade de ter Marta fora do armário.
Mas Marta é Marta. Ela não é Douglas Souza, o único homem (cis) LGBTQIA+ a representar o Brasil em Tóquio. Ele não é Richarlyson, que era ícone de combate à homofobia antes mesmo de sair do armário.
Ela não é Ian Thorpe, astro internacional de esporte individual. Ou o mergulhador Greg Louganis, cujo diagnóstico público de HIV o fez enfrentar outros níveis de preconceito. Ela também não é Billie Jean King, a tenista que fez levantou a bandeira de minorias na "Batalha dos Sexos". Ela não é Hiltzsperger, ex-titular da seleção alemã e que saiu do armário logo após anunciar a aposentadoria.
Ela não é nenhum desses. Ela é mais. Marta é uma "Goat". Greatest Of All Time. Melhor da história, trocando em miúdos. Certamente do futebol, incertamente de todos os esportes. E é uma mulher assumidamente LGBT, que saiu do armário ainda durante a carreira, tendo noivado publicamente em 2021, três anos após levantar a sexta e última bola de outro da vida.
Toda partida até a recentemente anunciada aposentadoria dela devia ser festa. Marta é craque. Marta é brasileira. Marta é LGBT.
É disso que a gente fala quando diz orgulho.
P.S. A lista de 15 atletas feita pela OutSports tinha apenas um homem. Mas eram dois os competidores do sexo masculino. O mesatenista Luca Kumahara também competiu em Tóquio, pouco antes de iniciar a transição de gênero.
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