Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Levantamento do OutSports aponta 144 atletas fora do armário entre os cerca de 12 mil convocados para a Olimpíada. Entre brasileiros, são nove a mais que três anos atrás
O Brasil tem a segunda maior delegação LGBT da Olimpíada de Paris-2024. São *pelo menos* 24 atletas assumidos, nove a mais do que Tóquio-2020. O levantamento é do site especializado OutSports, com uma adição feita pela coluna.
Trata-se de Adriana Cardoso, a Doce, cearense ponta-direita do RK Buducnost, de Montenegro, e veterana já de Tóquio-2020. Ela namora a espanhola Alba Menéndez, também handebolista, como é possível de ser visto abertamente nas redes sociais de ambas. Lindo casal.
Pontuo o caso dela para sublinhar o pelo menos do primeiro parágrafo. O OutSports divulgou a lista, de apuração deles, que constava o Brasil com 23 atletas LGBTs. Mas, bem, bastou a mim conferir a orientação sexual dos cinco cearenses (Matheus Lima da Silva, Thiago Monteiro, Manoel Messias, Vittoria Lopes, além de Doce) para incluir um nome.
Assim sendo, pelo menos 24 dos 277 atletas olímpicos brasileiros se identificam como gay, lésbica, bissexual ou qualquer uma das demais cores do arco-íris. Isso dá 8,6% do total. Entre as mulheres, o percentual é ainda mais relevante. São 21 atletas LGBTs, ante uma delegação de 153 meninas. Ou seja, 13,7% do total. Só os Estados Unidos, com 28, têm marca maior. Mas isto dentro de uma delegação de 592 pessoas. Ou seja, o percentual deles é bem menor, 4,7%. Vale ainda pontuar que o OutSports é um site norte-americano.
O dado geral, 144 atletas assumidos, foi uma queda. Eram 160 quando escrevi sobre balanço anterior, sobre Tóquio-2020. Hoje, aquele levantamento já aponta 186 esportistas olímpicos LGBTs. Em 2016, eram 56. Em 2012, 23. Ou seja, o Brasil, sozinho, já tem mais LGBTs assumidos que todos os países em Londres-2012.
O que aumentou foi o contingente de homens fora do armário, que ainda são minoria. Na Olimpíada passada, era apenas um brasileiro (cis): Douglas Souza, do vôlei. Depois dos Jogos, o mesatenista Luca Kumahara iniciou a transição de gênero e passou a competir na categoria masculina. Ele será comentarista pela Globo, diga-se.
Desta vez, o número saltou para três, mesmo após Douglas se aposentar da seleção de vôlei. O OutSports soma Rayan Dutra e Arthur Nory, da ginástica, e o recém naturalizado Nick Albiero, da natação.
Nory, diga-se, ilustra o *pelo menos*, que repito no título e no primeiro parágrafo. Ele estava em 2016 e em 2020. Mas só falou publicamente sobre a própria sexualidade no fim de 2021. E há outros nomes de veteranos na lista de Paris-2024. Tamires, do futebol, Gabi e Rosamaria, do vôlei. Existem muitos outros que preferem não falar sobre a própria sexualidade, que vivem no armário ou que não são conhecidos o suficiente para um site norte-americano identificar como LGBTs.
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