Olimpíada e sexo: por que o Grindr foi "proibido" em Paris-2024
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc
Foto: Divulgação/Grindr
O Grindr é um aplicativo de namoro usado principalmente por homens gays em busca de sexo casual
Atleta transa? Tem muito atleta que nem bem respira oxigênio, dedicado apenas a consumir esporte. Mas, fato é, quase todo adulto faz sexo.
O esporte é visto como o ápice físico de uma pessoa. Jovens em forma, focados em um objetivo quase inalcançável e precisando dissipar de alguma forma a tensão. Daí que o assunto sexual tem tanto lastro no debate sobre a vila olímpica.
É verdade que os quartos têm camas antissexo? Quantas camisinhas foram distribuídas em cada Olimpíada? Esportista é símbolo de abdicação em prol de um objetivo. Mas nada contra voltar de uma viagem internacional com uma medalha e uma namorada/namorado a tiracolo.
Acontece que a sociedade se move assumindo heterossexualidade. É até natural, já que, em média, cerca de apenas 10% da população se identifica como LGBT. E, bom, seja discurso ou fato, héteros e gays procuram parceiros para a vida ou para o sexo casual. A revolução mais recente — apesar de antiga — são os aplicativos de pegação.
Homens tendem a ser mais diretos nisso, tendo aplicativos voltados ao sexo casual — ainda que todo aplicativo pode virar um aplicativo de sexo se você souber usá-lo. O Grindr é o mais famoso deles. Acontece que, em Paris, a geolocalização do app está desabilitada para identificar pessoas na vila olímpica ou nos locais de competição. E nem é algo inédito, tendo ocorrido ainda nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022.
À primeira vista, parece uma medida homofóbica. Como se héteros pudessem transar e gays não. Mas a verdade é que a legislação fundamentalista de vários países é que é a inimiga. Ou mesmo a vergonha que um ou outro indivíduo ainda sente por ter uma orientação sexual dissonante da imagem pessoal que criou para si. Enfim, nem todo mundo pode se assumir LGBT. E nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, o Grindr foi usado por jornalistas para forçar atletas para fora do armário.
Basicamente, o jornalismo assumiu o papel de delator, apontando que atleta X ou Y estava em um aplicativo que, basicamente, funciona para buscar parceiro sexual. Algo que todo mundo faz. Algo que todo mundo deveria ter o direito a fazer.
Entre quatro paredes, entre adultos e com consentimento, deveria valer de tudo. Mas sempre há aqueles que apontam para os outros para evitar olhar para si.
P.S. Conforme previ, a base de dados de LGBTs assumidos nos Jogos Olímpicos de Paris só aumenta. Quando escrevi, na semana passada, eram *pelo menos* 144 ao todo, sendo 23 brasileiros. Agora, o OutSports já soma 193 esportistas, com 30 brasileiros dentre eles. Entraram: Patrícia Matieli, Gabriela Moreschi e Adriana Cardoso, do handebol; Chayenne da Silva (atletismo / 400m com barreiras) e Tiffani Marinho (atletismo / 400m e e revezamento 4x400m); Roberta (vôlei); e Laura Nascimento Amaro (levantamento do peso). Eu posso ter ou não mandado um e-mail sugerindo a inclusão da cearense Adrianna Cardoso, a Doce.
Repito o que escrevi, porque muita gente não entendeu. Isso não é totalidade. É a lista de quem falou sobre isso publicamente. E também não é juízo de valor. As pessoas têm direito ao armário. A sexualidade é para cada um fazer o que quiser.
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