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Na reta final do 2º turno, Fortaleza se posiciona sobre candidatura de Evandro
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, desde 2018, é editor de Esportes. Trabalhou na cobertura das copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Cidades do O POVO. Assinou coluna sobre cultura pop no Buchicho, sobre cinema no Vida&Arte e, atualmente, assumiu espaço sobre diversidade sexual e, agora, escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO. Twitter: @andrebloc

André Bloc esportes

Na reta final do 2º turno, Fortaleza se posiciona sobre candidatura de Evandro

Na noite de aniversário do clube, Fortaleza deu e depois retirou uma homenagem à maior torcida organizada do clube. O motivo foi uma foto do presidente da agremiação com Evandro Leitão, candidato a prefeito de Fortaleza e e ex-presidente do Ceará
Tipo Opinião
Presidentes da TUF, João Paulo Bombado, e da Cearamor, Régis Alves Pires, ao lado do candidato Evandro Leitão (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Presidentes da TUF, João Paulo Bombado, e da Cearamor, Régis Alves Pires, ao lado do candidato Evandro Leitão

O Fortaleza Esporte Clube se posicionou institucionalmente contra um candidato a prefeito da Capital. Não entro no mérito de clube ou do político, na justeza ou injustiça da atitude. Falo sobre o peso que as palavras e atos têm.

Em "informe" assinado pelo conselho deliberativo do Fortaleza — sem identificação direta de quem é o dono da pena —, Evandro Leitão (PT) é acusado de ato "desrespeitoso, vil e maldoso" contra o clube. Além disso, segundo a nota compartilhada no perfil oficial do time, o neopetista "prejudicou a instituição Fortaleza Esporte Clube no passado, divide os tricolores no presente e, ao que tudo indica, perseguirá o clube no futuro".

Esta é a mais taxativa manifestação político-partidária que já vi de um clube cearense. Paradoxalmente, o texto começa com uma autoexaltação ao conselho deliberativo do Fortaleza por ter, supostamente, mantido "sua regimental neutralidade" durante o processo eleitoral.

As eleições de Fortaleza se desenrolam há meses. Evandro Leitão é candidato desde agosto. E, na primeira parte da campanha, o elefante no meio da sala — a relação do neopetista com o futebol — foi convenientemente ignorada. O ex-presidente do Ceará evitou até se denominar assim, enquanto o principal e agora único rival dele pelo cargo foi, aos poucos, subindo a temperatura do discurso esportivo na tentativa de rifar Evandro.

A uma semana de uma das mais acirradas decisões eleitorais da história de Fortaleza, o clube xará da cidade parece ter lembrado do relacionamento com Evandro, acendendo um imbróglio que mais parece com pretexto.

No aniversário de 106 anos do Fortaleza Esporte Clube, a Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF) foi homenageada pelo clube com a medalha Alcides Santos. Honraria esta que foi retirada minutos depois após o então presidente do agrupamento aparecer cumprimentando Evandro Leitão, o que foi visto como ofensa capital pelo conselho deliberativo.

Abriu-se a caixa de Pandora. A nota é sobre a retirada da honraria. Mas o texto é todo sobre Evandro Leitão. 

A candidatura de Evandro sempre trouxe consigo esse risco, algo que deve ter sido sobrepesa por quem o escolheu como candidato à disputa. Até por isso, era conveniente fugir do debate esportivo, como o petista tentou — ao contrário de André Fernandes (PL), rival dele no segundo turno e que aposta justamente na retórica da rivalidade.

Ainda que a atuação política de Evandro seja desligada hoje do Ceará, a relação do candidato com o Alvinegro é inegável. E as rusgas perduram — quem bate esquece, quem apanha não. Mas surpreende um clube que ascendeu nacionalmente pelo profissionalismo como Fortaleza puxar para si uma crise institucional em plena reta final de Campeonato Brasileiro.

Não dá para no mesmo texto um time se autoelogiar pela neutralidade política e se debulhar em adjetivos contra um candidato. O texto postado pelo Fortaleza podia fazer sentido se assinado por uma pessoa. Fosse um membro da diretoria, ou mesmo o presidente do conselho deliberativo. Mas veio ao mundo subscrita por um clube que diz se orgulhar de "albergar todos os espectros políticos". 

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