Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, em 2018, virou editor-adjunto de Esportes. Trabalhou na cobertura das Copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Esportes do O POVO, depois de ter chefiado a área de Cidades. Escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO
Aos 30 e muitos anos, com a crise de meia idade se avizinhando, resolvi ouvir meu corpo e aprender um pouco sobre ele. Repito para quem precisar ouvir: a gente não é obrigado a aceitar a dor
O peso da idade é capaz de fazer qualquer junta claudicar. Mesmo alguém cuja genética é generosa, um dia vai reclamar de um "creque" no joelho, dumas costas travadas, duma enxaqueca insistente. A gente acaba aceitando como parte natural do envelhecer. Do viver.
Paradoxalmente, aos 38 anos, vivo a fase da vida em que menos reclamei de dor. Tenho dor crônica nas costas desde a adolescência — ou tinha, já que ela hoje é mais intermitente que crônica. O Pilates ajudou a estabilizar, melhorou minha postura de millenial acostumado a sentar troncho nas cadeiras. Depois, por insistência de um ortopedista atencioso, passei a fazer academia cinco vezes por semana.
E assim a dor foi afinando. De quebra — trocadilho não intencional —, meu joelho "condromalástico" passou a inflamar com menos frequência. E, para o meu choque, a última enxaqueca que tive ocorreu há quase dois anos.
Com um estilo de vida ligeiramente mais saudável, eu eliminei uma causa constante de estresse: a dor. Eu precisei de anos para estar pronto para isso. Precisei chegar a um limite de estafa mental para entender como a academia podia ser boa para mim. Hoje, é rotina. Não falo com ninguém, faço meus exercícios no meu tempo (que dura mais de 2 horas por dia), ouço minhas playlists, toco air guitar — e air drums e air bass —, e prefiro malhar fofo a faltar.
É que um dia me convenci que não é normal conviver com dor. E, desde então, tomei pra mim a missão de repetir isso para o máximo de pessoas o possível.
Meu ponto é simples. As dores têm uma razão. E, na maioria das vezes, existe algum tratamento para minimamente aliviá-las. No meu caso, foi academia — um privilégio que nem todo mundo tem tempo ou dinheiro para se dedicar. Mas eu precisei que um médico me dissesse que eu devia cuidar melhor de mim mesmo.
Conviver com dor é mais do que sentir uma aflição física. Minha mãe tem uma tese psicológica que versa sobre o "medo da dor", ou seja, a angústia causada por não ter certeza se seu corpo dá conta de demanda qualquer. É evitar um esforço para se poupar de uma dor hipotética. Uma ansiedade despertada por qualquer mínimo movimento. Uma pressão constante sobre mente que descamba no corpo.
Minha receita não vale para todos. Cada pessoa a seu tempo, cada pessoa da sua forma. A mim, calhou de pesar uma crise de meia idade. Talvez porque meia vida seja o tempo necessário para a gente aprender alguma coisa.
Mas repito, sob risco de a ideia permanecer inédita. Não é normal conviver com dor. Não tenham medo de procurar ajuda.
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