Alguém apoiaria se dessem um murro no Vitor Roque?
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, em 2018, virou editor-adjunto de Esportes. Trabalhou na cobertura das Copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Esportes do O POVO, depois de ter chefiado a área de Cidades. Escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO
Alguém apoiaria se dessem um murro no Vitor Roque?
O brasileiro médio aprendeu a ser revoltar com o racismo cometido contra nossos conterrâneos em jogos em outros países sul-americanos. Quando a homofobia vai gerar o mesmo nível de revolta?
Foto: CESAR GRECO / SE Palmeiras
Vitor Roque, do Palmeiras, faz comemoração do "tigrinho"; mas postagem deletada, ele mostrava um tigre matando um veado, em referência homofóbica ao São Paulo
Sábado, 4 de outubro de 2025, Guarapuava, no Paraná. O Batel recebia o Nacional, em confronto válido pela quarta rodada da primeira fase da Taça FPF, torneio que rende uma vaga na Copa do Brasil 2026 para o campeão. Era 40 minutos do segundo tempo no estádio Waldomiro Gelinski quando uma confusão levou o pouco conhecido campeonato para o noticiário nacional.
As imagens são claras, portanto dispenso o jornalisquês da fala em tempo condicional. O volante Diego, do Batel Guarapuava, chamou o zagueiro PV, do Nacional de "macaco". O defensor, respondeu com um soco na cara do adversário, que foi nocauteado e precisou ir embora de ambulância.
O árbitro prontamente iniciou protocolo antirracista, enquanto a vítima da injúria racial recebia cartão vermelho. O caso foi parar na Polícia. O time de Guarapuava anunciou que Diego foi desligado do clube. O volante, vale ressaltar, nega ter chamado o colega de profissão de "macaco" e diz que o entrevero começou após uma cusparada do rival. Já PV disse que não é a favor da violência, "mas parece que só assim eles (racistas) sentem na pele", ressaltando que "quem é da cor" vai entender a reação dele.
Vítima de agressão verbal e responsável pela agressão física, PV virou um herói antirracista nas redes sociais. Diante dos casos de racismo contra jogadores nacionais em outros países sul-americanos, o brasileiro médio resolveu se engajar na luta contra tal tipo de preconceito tão comum há séculos nas terras de cá. O futebol fez com que nosso povo enxergasse algo que se escondia atrás de discursos vazios sobre democracia racial.
É incrível que o futebol foi capaz de evidenciar o quão abjeto é o racismo. Espero que a regra comece a valer também para outros preconceitos.
Após marcar o gol que iniciou a remontada por 3 a 2 do Palmeiras sobre o rival São Paulo, o atacante Vitor Roque comemorou nas redes sociais com uma postagem homofóbica. A imagem foi excluída horas depois, quando o clube contatou o jovem atleta para explicar "que provocações como essa não cabem mais no futebol, pois podem gerar violência". Bom, não apenas isso. Homofobia é crime, equiparado à injúria racial.
E o que a gente faz com criminoso? A gente reabilita. Vitor Roque não merece um soco. Merece uma aula sobre homofobia. Merece uma punição em forma de doação de cestas básicas a abrigos para pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade. Merece ter a oportunidade de mostrar que entendeu a gravidade da postagem — e de pedir desculpas.
Vingança contra preconceituoso pode parecer divertido. Mas prefiro esperançar pelo fim do preconceito.
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