Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, em 2018, virou editor-adjunto de Esportes. Trabalhou na cobertura das Copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Esportes do O POVO, depois de ter chefiado a área de Cidades. Escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO
Não esqueça de pedir para o Papai Noel lembrar do futebol feminino
Para quem só olha para as disputas masculinas, parece que o ano de 2025 foi por água abaixo com o rebaixamento mútuo de Ceará e Fortaleza. Que as orações, portanto, se voltem também a quem deu orgulho à torcida
Hoje é dia 24 de dezembro, véspera de Natal, um feriado tão importante que nem mesmo jornal circula — um dos quatro dias do ano sem impresso. Independentemente do significado religioso, é uma data com o peso da reflexão sobre o acumulado do ano.
É, portanto, inevitável sentir o gosto aguado do chopp que afluiu com a queda mútua de Ceará e Fortaleza à Série B em 2026. Assim, alvinegros e tricolores agora se dedicam a pedir ao Papai Noel para o time voltar à elite nacional.
Os choques de realidade, porém, começam em breve. Até agora, os dois maiores clubes cearenses parecem esperar que o rival se movimente para anunciar um "pacotão" de presentes para torcida — que fatalmente se decepcionará. Ceará e Fortaleza são agora times de Série B e precisam ter elencos condizentes com isso.
"Traque molhado", chamaria Alan Neto, se vivo fosse. Mas basta analisar a estimativa de folhas salariais da Série B 2025 para a realidade voltar à porta. O Athletico-PR, maior clube da Segundona em 2025, viu os recursos minguarem na campanha para volta à elite. Ceará e Fortaleza, times estruturados, mas menos "ricos", precisam de um aperto ainda maior na cintura.
O Tricolor, com oito anos seguidos na Série A na prateleira, tem mais gordura para queimar no mercado — ativos a serem vendidos ou trocados —, mas lida ainda com salários astronômicos. As cifras de Lucero e Deyverson, por exemplo, são capazes de afundar um time de Série A — imagina um de B. Já o Ceará não tem esse problema, mas tem o outro: quase não sobrou elenco sob contrato.
Falta menos de um mês para o início do Campeonato Cearense. A torcida clama por presentes e a conta bancária dos "Papais Noéis" parece que vai pro cheque especial.
Assim, diante do arrocho financeiro, minhas orações se voltam a evitar os efeitos colaterais. Porque por mais inocente que seja, o futebol feminino é sempre o primeiro a sentir o golpe do insucesso do masculino. Vale lembrar que, em 2022, o Ceará caiu entre os homens e subiu entre as mulheres; o mesmo ocorreu com o Fortaleza agora.
Peço pro Papai Noel lembrar que o salário mensal de um medalhão é capaz de sustentar uma modalidade inteira.
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