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Fim do time feminino do Fortaleza desrespeita campeãs, ídolo e torcida para enxugar gelo
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, em 2018, virou editor-adjunto de Esportes. Trabalhou na cobertura das Copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Esportes do O POVO, depois de ter chefiado a área de Cidades. Escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO

André Bloc esportes

Fim do time feminino do Fortaleza desrespeita campeãs, ídolo e torcida para enxugar gelo

Tricolor do Pici vai economizar cerca de R$ 1,4 milhão no ano, o equivalente a 0,62% do orçamento aprovado para esta temporada
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Erandir foi técnico do Fortaleza campeão estadual, regional e que conquistou acesso nacional (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Erandir foi técnico do Fortaleza campeão estadual, regional e que conquistou acesso nacional

As únicas alegrias da torcida do Fortaleza na temporada 2025 foram protagonizadas pelas Leoas, o agora extinto time feminino do Tricolor do Pici. Campeãs estaduais — com cavadinha em pênalti decisivo —, campeãs regionais, vencedoras de um inédito acesso à Série A1 do Campeonato Brasileiro.

Na madrugada desta terça-feira, 30, o Conselho Deliberativo do Fortaleza aprovou o orçamento para a temporada 2026. Os R$ 225 milhões não incluem a modalidade feminina. Nas campanhas vitoriosas deste ano, o orçamento fechou em cerca de R$ 1,4 milhão. Ou seja, 0,62% do que será investido no time masculino e algumas categorias de base no ano vindouro.

Bastava dois meses de salário de Deyverson para manter a equipe. Aliás, tal grana permitiria ampliar o teto da equipe para a Série A1, no qual o objetivo seria não ser rebaixado.

A notícia não surpreende, mas dói. O futebol feminino ainda é pequeno, carece de investimentos, mas vive uma justa expansão. O que a decisão do Fortaleza escancara é que o time só existia porque a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) obriga times que disputam Série A, Copa Libertadores e/ou Copa Sul-Americana a terem a modalidade.

A diretoria, ao encerrar o futebol, terceiriza a culpa pelo merecido rebaixamento. Com maior orçamento da história — R$ 387 milhões —, o Tricolor do Pici jogou dinheiro fora em nomes como David Luiz, Pol Fernández, Deyverson, Guzmán, Renato Paiva. Juntando o pago para eles, como salário ou compra, dá para sustentar o futebol feminino de todo o Nordeste.

O melancólico fim das Leoas é um desrespeito para a torcida que assistiu aos jogos nos estádios ou transmissões. É despeito às atletas, que honraram a camisa do time. E é quase como cuspir na cara de Erandir, um dos jogadores que mais bem vestiram o manto tricolor nos últimos 30 anos e que cumpriu absolutamente todos os objetivos da temporada como técnico do feminino. Ao contrário do masculino, que naufragou em todas as frentes. 

Em paralelo, o Ceará pretende investir R$ 1,2 milhão na modalidade em ano de Série B pro masculino. Que conquiste tudo que as meninas merecem. É apenas 0,72% do orçamento da agremiação, mas é é quase o dobro do investido em 2025 e uma prova de respeito a quem sua a camisa pelo time.

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