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As chamadas gerais para os encontros, reencontros – encontrões melhor dizendo -, significam que o tempo botou distância de décadas entre o ontem e o hoje. E é hora de rever e descobrir os cabelos brancos alheios, escarafunchar o que aconteceu nesse hiato de anos, abrir álbuns velhos e descolar fotos amareladas para mostrar ao grupo. E não podem faltar as chamadas gerais e dar falta dos que já se foram. No rodo dos encontrões – como em uma grande panela bem funda onde somos jogados – marinamos em vinha-d’alhos, às vésperas do dia D.

E assim, entre pedaços de histórias, vamos misturando pimentas ardosas de alguns comentários maldosos, doces tomates dos que botam panos quentes nas incendiarias divergências, e blocos de temperos knorr, que nos fazem rir às pampas. Porque é preciso sempre alguém para desanuviar o ar. No dia fatídico, estaremos ao ponto, ligados e azeitados na ideia de como fulano e sicrano evoluíram, de quem se tornou ranzinza e intragável, dos incendiários, dos frescos como um ramo de alecrim. E amizades que tinham se desenlaçado umas das outras, a propósito, por engano, ou na casualidade do mundo, voltam a se juntar por um dia.

Serão risos e causos. Arengas não podem faltar, resto de ressentimento seco que se desprende - como tosse que expele a secreção velha das paredes do pulmão. Emoções liberadas, reviradas pela presença do outro, soltas em encontrões curativos. Encontrão da turma da faculdade, da turma do primário, da turma do colégio tal, da turma que trabalhou no projeto X, encontrão do último encontrão. E por aí vão as declinações da mesma coisa. Quis o redondo das datas – este ano estou em três encontrões.

Alguém se deu ao trabalho de contar que já se passou uma década, ou duas, ou três, de tal evento. Ou porque deu na veneta e já é mais que hora da gente se rever, caramba, sem desculpas de efemérides nem calendários. Tem gente que não vai, e pronto. Mas, se eu puder, eu vou – aviso ao encontrão “eliomartico” do Besouro Verde, que me jogou na semana passada em outra panela funda. Porque no meio do abraço indistinto de todos, há de ter uns abraços que valham muito a pena.

Abraços que nos religuem aos que nunca mais vimos, mas que nunca esquecemos. Aquela pessoa – mal sabe ela -, que teve importância, que nos deixou uma marca, que foi um@ amig@ querid@. A gente se perdeu de vista, hélas, mas, ei-l@ de retorno, na sopa dos encontrões. Para isto servem tais encontros marcados. Para salvar-nos da preguiça de irmos atrás de quem se perdeu, no retrovisor. E nos darmos conta de que, se os encontrões são só de vez em quando, temos ainda o bom e velho formato petit comité.