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Augusto Teixeira Júnior: 59 anos do Golpe Militar de 1964: o que aprendemos?
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Augusto W. M. Teixeira Júnior é cientista político, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Departamento de Relações Internacionais da mesma instituição

Augusto Teixeira Júnior: 59 anos do Golpe Militar de 1964: o que aprendemos?

A sombra do autoritarismo ronda a história brasileira, fechando ciclos de abertura política e abortando experiências de nosso desenvolvimento histórico-social
Augusto W. M. Teixeira Júnior, doutor em Ciência Política (UFPE), professor do programa de pós-graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da UFPB e do Departamento de Relações Internacionais da mesma instituição (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Augusto W. M. Teixeira Júnior, doutor em Ciência Política (UFPE), professor do programa de pós-graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da UFPB e do Departamento de Relações Internacionais da mesma instituição

Desde 1964, a data de 31 de março tem sido marcada por um sombrio simbolismo. Naquele momento, mais uma vez a experiência democrática no Brasil era violentamente interrompida. Décadas depois, o período entre 2019 e 2022 trouxe consigo um nauseante lembrete sobre um traço da experiência política nacional: a democracia no Brasil tende a não resistir ao teste do tempo, não florescendo em solo marcado por um ethos autoritário.

Por essa razão, a manutenção da nossa ordem constitucional e democrática em conjunturas críticas, como o pós-eleição de 2022 e o 8 de janeiro de 2023, demonstram que enfim, a semente da liberdade parece ter germinado e criado raízes no seio da pátria. Este não foi um pequeno feito. A sombra do autoritarismo ronda a história brasileira, fechando ciclos de abertura política e abortando experiências de nosso desenvolvimento histórico-social.

Em 1889, a nossa República nasceu de um golpe civil e militar contra o Império, um governo civil legalmente constituído. Em 1930, aquilo que convencionamos chamar de Revolução, levou ao encerramento da experiência democrática da República Velha, culminando no Estado Novo. A democracia restaurada em 1946 se viu abortada pelo golpe militar de 1964.

O motivo deste breve histórico das nossas "sístoles e diástoles" do sistema político nacional, como assim chamada Golbery do Couto e Silva, é exatamente para deixar claro que aqui a norma não é a democracia, a liberdade e o seu florescer, mas sim a ditadura, o arbítrio e a tirania.

Olhando pelo retrovisor da nossa história do século XX, constatamos que nesta segunda década do século XXI o Brasil logrou mudar o seu padrão de abertura e fechamento do regime político. Por estarmos sob a égide da democracia e da constituição cidadãs, mesmo após as graves tensões e ataques à nossa democracia e instituições nestes últimos anos, é em si uma prova de que o Brasil, enfim aprendeu com o 31 de março de 1964.

Enfim, sociedade civil, instituições e mercado parecem gestar um solo fértil a florescer a democracia, não apenas como forma de eleição de líderes, mas como um valor civilizatório a marcar quem somos e o nosso ethos. Entretanto, mantenhamo-nos atentos, pois como nos alerta Thomas Jefferson, "O preço da liberdade é a eterna vigilância".

 

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