
Augusto W. M. Teixeira Júnior é cientista político, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Departamento de Relações Internacionais da mesma instituição
Augusto W. M. Teixeira Júnior é cientista político, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Departamento de Relações Internacionais da mesma instituição
Iniciada em 13 de junho de 2025, a recente guerra entre Israel e Irã ainda tem seu cessar-fogo - imposto pelo presidente Donald J. Trump - sob suspeita de ser respeitado pelos antagonistas. Entretanto, apesar do estado de conflito latente entre Tel Aviv e Teerã, já é possível extrair algumas importantes lições para o Brasil.
A primeira dessas lições é antiga: como diria o general prussiano Carl von Clausewitz, a guerra é, afinal, a continuação da política por outros meios. Para Israel, usar a força militar contra o Irã para desarmar seu programa nuclear consistia no principal objetivo político. Para o Irã, manter o regime, preservar o programa nuclear e resistir era o núcleo de seus objetivos. Para os Estados Unidos, premidos entre a promessa de uma não intervenção - vitoriosa nas eleições de 2023 - e a pressão para intervir contra o programa nuclear iraniano, a política foi o fio condutor da ação militar. Nos três casos, a política doméstica ditou importantes fatores que ajudam a esclarecer a condução da guerra.
Uma segunda lição remete ao clássico dito do militar romano Vegetius: se queres a paz, prepara-te para a guerra. Desde 7 de outubro de 2023, Israel combateu em diversas frentes, objetivando degradar grupos apoiados pelo Irã no Oriente Médio, sendo a ofensiva contra o país persa o ápice de suas ações.
Ainda que questionável do ponto de vista do direito internacional, a ação israelense pode ser interpretada como o uso da força militar orientada para a criação de condições favoráveis para a (sua) paz. Tão relevante quanto isso, a centralidade da questão do programa nuclear iraniano repousa sobre a manutenção, por parte de Tel Aviv, do monopólio de armas nucleares na região - um dos pilares de sua estratégia dissuasória.
Por fim, lembremos de Tucídides ao considerar o medo, a honra e o interesse como as causas da Guerra do Peloponeso. Essa observação milenar continua atual. Por mais que os objetivos políticos e militares de Israel e Irã na guerra tenham sido declarados como racionais, fatores históricos, culturais e emocionais pesam na compreensão da violência que irrompeu. Consideramos, assim, que o que essas três lições iluminam para o caso brasileiro é que, apesar dos modernos inventos tecnológicos que ganham as manchetes dos jornais, a guerra ainda é a guerra.
Mesmo países que a levam a sério não têm garantida a sua segurança. Enquanto isso, o Brasil observa o conflito deitado em seu berço esplêndido, confiante em sua diplomacia, no peso da distância e ocupado com suas disputas internas. A história, contudo, mostra que essa postura, em geral, prenuncia a catástrofe. Como afirma o famoso dito militar brasileiro: lembrai-vos da guerra!
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