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Augusto W. M. Teixeira Júnior: Narcotráfico, Terrorismo e Crime Organizado
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Augusto W. M. Teixeira Júnior é cientista político, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Departamento de Relações Internacionais da mesma instituição

Augusto W. M. Teixeira Júnior: Narcotráfico, Terrorismo e Crime Organizado

A megaoperação das polícias do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) repercute muito mais do que um simples confronto armado entre polícia e bandidos. Ela ajudou a antecipar o palco eleitoral de 2026
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Bombeiros e moradores carregam corpos na Praça São Lucas, na favela de Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, no Ro de Janeiro após a Operação Contenção (Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP)
Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP Bombeiros e moradores carregam corpos na Praça São Lucas, na favela de Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, no Ro de Janeiro após a Operação Contenção

A megaoperação das polícias do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) repercute muito mais do que um simples confronto armado entre polícia e bandidos. Ela ajudou a antecipar o palco eleitoral de 2026, com efeitos para o União Brasil, ex-base do governo federal que agora sinaliza com candidato presidencial.

A operação relembrou ao Governo Federal que a pauta da Segurança Pública reinará nas eleições vindouras e que apesar de seus esforços para liderar a pauta, está longe de convencer a população de que o seu caminho é o mais acertado. Em sua essência, a operação deixa claro como as nossas definições para o fenômeno da ameaça das facções é um labirinto no qual a maioria das autoridades públicas estão perdidas.

O Brasil possui mais de 70 facções criminosas espalhadas pelo país. Além de grupos criminosos locais, vemos a passos largos o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho lutando para controlar territórios e rotas, visando o fluxo internacional de drogas, armas e pessoas. Entretanto, se isso não fosse em si um problema, o fenômeno da governança criminal emerge como um desafio de segurança nacional. Territórios como o Complexo do Alemão, Penha ou áreas em regiões metropolitanas de capitais como Fortaleza são controladas por facções criminosas. Ou seja, a soberania interna, cara a qualquer país, se vê ameaçada.

Some-se a isso que entre os instrumentos de controle e disputa, diversas facções empreendem atos de terror. Mesmo não podendo ser consideradas organizações terroristas de acordo com a legislação vigente, elas se valem do medo e violência como instrumento de controle populacional e de coerção contra autoridades públicas. Ônibus queimados, assassinatos de autoridades, ordens para fechar o comércio, tiroteios e achaques são representativos dessas práticas no nível tático.

Se tudo isso já não fosse problema, se observa que distintos fenômenos se cruzam na realidade do brasileiro comum: narcotráfico, terrorismo e o já conhecido crime organizado. Este, por último, compreende a alma e motivação dessas facções: o lucro e o poder econômico mediante violência, corrupção e proteção de agentes do estado ou sob a ocultação da aparência de legalidade.

Compreender o fenômeno da ameaça de segurança nacional deve ser o primeiro passo para postular uma estratégia que nos conecte à vitória. Para isso, cabe reconhecer que nem traficantes são vítimas e que grupos como CV e PCC não são típicas organizações terroristas. O país ruma para se tornar um narcoestado, derrotado por forças internas fruto do fracasso de nosso projeto civilizacional.

É hora de reagir. Operações como Carbono Oculto (PF) e a Megaoperação do RJ serão necessárias, afinal, não se vence um conflito armado interno sem inteligência e força combinadas, mas para isso precisamos escapar da letargia da polarização ideológica.

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