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Tarifaço: carnaúba, autopeças, couro e pescados são os primeiros setores socorridos no Ceará
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Jornalista formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É editora digital de Economia do O POVO, onde começou em 2014. Atualmente, cursa MBA em Gestão de Negócios e tem Certificação Internacional em Marketing Digital pela ESPM e DMI da Irlanda

Tarifaço: carnaúba, autopeças, couro e pescados são os primeiros setores socorridos no Ceará

O montante de R$ 4 milhões já foi aprovado. Aproximadamente R$ 2,1 milhões foram para subvenção econômico e R$ 1,9 milhão em créditos de ICMS de exportação
Porto do Pecém concentra principal polo de exportação no Ceará (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Porto do Pecém concentra principal polo de exportação no Ceará

Dos R$ 20 milhões de subvenção e dentre os créditos de ICMS disponíveis aos exportadores cearenses prejudicados pelo tarifaço, cerca de R$ 4 milhões foram liberados pelo Governo do Ceará.

Os primeiros segmentos aprovados para receber auxílio estadual foram o de cera de carnaúba, o de autopeças, couro e pescados, conforme o titular da Secretaria da Fazenda (Sefaz-CE), Fabrízio Gomes, em entrevista exclusiva à coluna.

Na análise feita pela pasta e repassado à Secretaria do Desenvolvimento Econômico, consta que em torno de 15 empresas entraram com pedidos de socorro. Pagamentos já foram realizados efetivamente ao de cera e autopeças. Pescados tem previsão para receber hoje e couro teve o aval para receber realizado ontem.

O montante de R$ 4 milhões é praticamente dividido. Aproximadamente R$ 2,1 milhões foram aprovados para subvenção econômico e R$ 1,9 milhão em créditos de ICMS de exportação.

O secretário inclusive frisou que o Ceará foi o único estado com "pacote robusto" de ajuda, o que inclui ainda a compra de perecíveis para equipamentos do Estado, a exemplo da merenda de escolas, e redução de encargos do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI).

Em relação à queixa de setores sobre a demora de receber auxílio, Fabrízio explica que o primeiro momento é mais demorado, pois é preciso comprovar que a empresa realmente exportou anteriormente para os Estados Unidos e "algumas empresas não estão conseguindo fazer isso".

Mas ele diz que tem empresas que já estão exportando com ajuda governamental desde o começo do mês. "Precisamos dessa análise minuciosa, porque, muitas vezes, a empresa pede, mas ela está pendente de documentação. Temos que ter ter todo esse cuidado, porque tem o Tribunal de Contas do Estado (TCE) analisando, é dinheiro público".

Passando essa primeira etapa, ele diz que os pagamentos subsequentes tendem a ganhar celeridade. O segmento de autopeças, por exemplo, já está em processo de entrada em novas notas.

Agora, a expectativa é que haja negociação entre Lula e Trump e que, conforme o governo brasileiro prometeu ao cearense, o Ceará teria prioridade nas negociações por ser, proporcionalmente, o mais impactado do País pelo tarifaço.

A coluna procurou a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA). Bem como a Sefaz, o pedido era de entrevista por telefone. Mas houve o envio de nota informando basicamente que o processo de compra de perecíveis ainda está em análise.

No comunicado, informou que prorrogou até 20 de setembro o prazo do edital de credenciamento voltado a empresas exportadoras cearenses afetadas pelo aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

"Atualmente, o edital encontra-se na fase de análise da documentação das empresas previamente inscritas. O resultado do credenciamento será divulgado no site da SDA e no Diário Oficial do Estado."

Conforme a SDA, o objetivo é garantir mercado para produtos que tiveram sua comercialização externa prejudicada, assegurando sua aquisição pela administração pública estadual para atender demandas institucionais.

As compras serão realizadas por meio de credenciamento, com preços definidos com base em pesquisa de mercado.

Participaram do certame empresas regularmente instaladas no Ceará que comprovaram queda no volume de exportações para os EUA, em relação à média do segundo semestre de 2024, em produtos como mel, castanha, filé de peixe, água de coco e cajuína.

Calçados

No balanço sobre como estão os setores, Augusto Fernandes, diretor da JM Negócios Internacionais, relata a situação de calçados. Em um único cliente que possui no Porto do Pecém, existem mais de 60 contêineres parados há mais de 30 dias. Para se ter ideia, um equipamento desses, de 40 pés (12,19 metros de comprimento, 2,44 de largura e 2,59 de altura), pode caber aproximadamente 17 mil pares, a variar de acordo com o calçado.

Pescados

O 1º secretário do Sindfrios e sócio da Compex, Paulo Gonçalves, disse a compra para merenda no Estado não se encaixa.

Ele diz que o pescado exportado para os EUA é somente peixe inteiro congelado e localmente a necessidade é por filé.

No começo enviaram cerca de 100 toneladas e já entregaram a documentação ao Estado, mas no aguardo do pagamento. Esse setor exporta, no mínimo, 30 contêineres mês, em média de 18 mil toneladas por equipamento.

Mel

Dentre os segmentos mais exportados no cenário de impactados pelo tarifaço dos Estados Unidos, o de mel conseguiu negociação com os compradores norte-americanos para o envio dos 52 contêineres que faltavam para serem enviados neste ano.

Na prática, importadores e exportadores "racharam" a conta e garantiram a compra. Esse é um movimento comum, inclusive, que O POVO noticiou.

Porém, para 2026, a incerteza permanece para mais de 100 equipamentos, quantidade anual média exportada pelo Porto do Pecém.

A cada contêiner são contabilizadas perto de 20 toneladas do produto.

O maior produtor a fazer as movimentações pelo Ceará é a Casa Apis, do Piauí, que trabalha com mel orgânico, relembra Augusto Fernandes, da JM Negócios Internacionais.

Frutas

Mais demandadas pelos europeus e em época de safra 2025/2026, as frutas tropicais vão escapando de maiores efeitos advindos das sanções de Donald Trump.

São 200 contêineres semana indo para a Europa. Mas, o relato de Augusto Fernandes, diretor da JM Negócios Internacionais, é que o produtos da manga foi o mais impactado, pois ela é a mais adquirida pelos norte-americanos. Mercado da manga exporta 10 mil toneladas ano, conforme Fernandes.

Vale lembrar que o Ceará exporta 30% do volume que vem do Vale do São Francisco. E 40% dos embarques foram cancelados. Atualmente, há cerca de US$ 8 milhões parados, com cerca de 12 equipamento à espera de definições.

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