Não compraria um carro da Apple, pois passei raiva com os iPhones
Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN
Cheguei com meu iPad na Redação para baixar um texto escrito em casa. Só quando o abri, me lembrei de não ter recarregado a bateria. Mas o pessoal disse para não me preocupar, pois resolveriam o problema com alguns dos vários cabos e carregadores na Redação.
Foi quando lembramos tratar-se de um aparelho da Apple: nenhum outro cabo se conectaria para recarregá-lo. E tive que reescrever a matéria.
Na semana passada, tive um problema com meu iPhone, e a oficina especializada disse que – aquele reparo – só na loja da Apple. O orçamento veio tão elevado que declarei finalmente minha independência da marca depois de muitos anos de fidelidade. Por um punhado de reais adicionais, tornei-me o feliz proprietário de um Xiaomi, celular chinês recomendado por vários amigos.
A Apple pretende produzir um carro e procura um parceiro entre as fábricas do setor. Seu raciocínio está correto, pois automóvel cada vez é mais um computador sobre rodas. A Apple domina como ninguém o software, mas não entende nada sobre fabricação de carros, uma das mais complexas operações industriais do mundo.
Então, a ideia de lançar seu próprio automóvel levou-a – corretamente – a confiar a produção de seus veículos elétricos a uma fábrica experiente nesta operação. Porém as duas primeiras (Hyundai e Nissan) procuradas não quiseram nem conversar, já que a condição é de o produto ter seu nome. (iCar, provavelmente...).
Por outro lado, Herbert Diess, presidente do Conselho da Volkswagen, disse – segundo a agência Reuters – que “A indústria automobilística – não é um setor tecnológico que se assume num estalar de dedos”. E acrescentou que “não é surpresa essa ideia da Apple, pois ela tem know-how em baterias, software, design e um gigantesco saldo em caixa. Apesar disso, não estamos preocupados”.
Outras gigantes da informática como Google e Microsoft estão também de olho nesta oportunidade de participar do carro do futuro. E já estão estabelecendo algumas parcerias nesse sentido. Começar com um elétrico é a melhor receita para se adquirir know-how até chegar ao autônomo.
Eu jamais compraria um carro da Apple, baseado na minha experiência com iPhone, iPod, iPad e outras traquibandas da marca. Pois já estou imaginando o dono de um “iCar" encostando numa loja de pneus para trocar o jogo.
“Pois é, doutor, agradeço sua preferência, mas os pneus para seu carro só na loja da Apple”.
Na semana seguinte, ele ouve: “Desculpe, doutor, mas não temos em estoque pastilhas de freio para seu carro. O senhor só vai encontrá-las na Apple”.
O dono do iCar só não será obrigado a abastecer com gasolina especial num posto da Apple, pois ela só pretende produzir automóveis elétricos...
Mas, se eu bem conheço a Apple, ela vai tentar a mesma estratégia da Tesla, de obrigar seu carros a recarregarem a bateria somente em seus próprios eletropostos. A escravidão não muda: o cabo de recarga do iCar não se encaixaria nas tomadas genéricas. Nem o de outros veículos elétricos nas da Apple...
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.