Economizadores: dez trapaças para enganar motorista
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Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN
Foto: Thais Mesquita/ O POVO
 Com o aumento no preço da gasolina, motoristas têm feitos as contas para abastecer seus veículos
Subiu muito o preço da gasolina nas últimas semanas e o litro já chegou a R$ 7 em algumas cidades. Milhões de motoristas, preocupados com a conta do posto, fazem qualquer coisa para reduzir o consumo de combustível.
Cenário perfeito para entrarem em ação centenas de “ishpertos” em busca do trouxa. Aliás, dizem que “todo dia sai um de casa”, mas o ditado poderia ser atualizado para “cada dia a internet acha um trouxa em casa”.
1 - Acendedor de cigarros. O “economizador” se encaixa em seu lugar. Posicionado, acende-se uma luzinha que indica o funcionamento do dispositivo. Ou seja, está em andamento a “magia” que faz o trouxa imaginar que o carro está consumindo menos...
2 - OBD2. O receptor do OBD2 está sempre sob o painel, próximo à coluna de direção. Sua finalidade é passar informações da central eletrônica para o mecânico. Ou para vigaristas que vendem um dispositivo mágico que se encaixa no mesmo lugar e “altera” os parâmetros de funcionamento do motor com redução de consumo. Não lhes falta cara de pau para anunciar redução de 50%. Ou seja, mais competentes que as centenas de engenheiros que projetaram o carro...
3 - Magnético. O milagre, neste caso, é envolver o tubo de alimentação de gasolina com um aparelho magnético (um imã, na verdade) que “interfere” em suas moléculas, realinhando-as e proporcionando queima mais eficiente. Tem gente que acredita...
4 - Na bobina. A trapizonga eletrônica é inserida em série no cabo que liga a bobina à vela de ignição, “aumentando” a corrente para obter melhor centelha. E então, queimando com maior eficiência a mistura na câmara de combustão. Testado no passado, ele provou que atua de fato no funcionamento do motor: comprovou-se um ligeiro.... aumento do consumo.
5 - Pino metálico. A estratégia é a mesma do campo magnético na linha de combustível, mas com um pino metálico que se joga no tanque. Seu poder magnético também “prepara” a gasolina para uma queima mais poderosa... que jamais se comprovou em testes práticos. Um deles, que derrubou a charlatanice, feito por um engenheiro da equipe do Auto Papo.
6 - Gerador de hidrogênio. Existem vários anunciados na internet. Já enganaram até uma tevê aberta e a “mágica” consiste num tanquinho de água (H20) de onde se extrai hidrogênio (H2) que vai ser queimado no motor. Ele pode reduzir o consumo e até fazer o carro andar com água. E faz mesmo, com um “ligeiro” senão: as contas não “fecham”, pois a energia elétrica necessária para a reação química (hidrólise) que retira o hidrogênio da água é superior à fornecida para o motor. Então, a bateria se descarrega rapidamente.
7 - Vapor de gasolina. Os vapores emitidos pelo tanque de combustível são canalizados para o canister, evitando-se assim contaminar a atmosfera. Ora, ora, pensaram os “ishpertos”, sejamos inteligentes: vamos canalizá-los para o motor e reduzir o consumo. Ou formar uma grande bolha de vapor que pode até explodir o carro...
8 - Turbo-ar. Engenhoca que se instala antes do filtro de ar que provoca um turbilhonamento e que deveria facilitar a formação da mistura ar-combustível, aumentando a eficiência da combustão. Há também quem acredite...
9 - Adensamento de ar. Outra charlatanice é a engenhoca que empobrece a mistura ar-combustível e anuncia assim a redução de consumo. Entretanto, se a relação dessa mistura é maior que a estequiométrica (mais partes de ar em relação às de combustível), o consumo se reduz de fato, porém eleva-se a temperatura de combustão até danificar seriamente o motor.
10 - Chip. Substituição do chip da central eletrônica é outra “pi-ca-re-ta-gem”, pois permite reajustar a calibração do motor para aumento de potência, ou torque, regime de rotações, redução de consumo etc. Entretanto, o ajuste original da fábrica é que resulta na maior eficiência possível do motor e qualquer alteração nunca é “ganha-ganha”: sempre que se ganha de um lado, perde-se do outro.
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