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Será carma? Brasileiro sofre há décadas com o combustível!
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Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN

Será carma? Brasileiro sofre há décadas com o combustível!

Mais uma "cruz": governo irresponsável obriga motorista a usar biocida no diesel
Motorista sofre com políticas governamentais na área.  (Foto: Shutterstock)
Foto: Shutterstock Motorista sofre com políticas governamentais na área.

Décadas de problemas: diz o jornalista Bob Sharp que se lembra quando – ainda criança, na década de 40  – ajudava o tio a carregar um galão de 20 litros com gasolina especial para seu automóvel. Porque as  disponíveis nos postos não eram compatíveis com o motor do carro. Só tínhamos veículos importados e as fábricas “tropicalizavam” os motores dos carros que viriam para o Brasil para não serem danificados pela  gasolina de baixíssima octanagem (de 70 a 80 RON).

Na década seguinte (anos 50), um “notável” avanço: a Petrobrás criou uma gasolina diferenciada, com  maior octanagem, chamada de “azul”, pois adicionava um colorante para diferenciá-la.

Carro a álcool; “um dia você vai ter um”...

No final da década de 70, o governo criou o Proálcool, com carros que só funcionavam com o derivado da  cana. A campanha dizia que “um dia você vai ter um”. Mas o que teve foi um enorme aborrecimento: sofreu em filas nos postos pois no final da década de 80, os usineiros preferiram produzir açúcar e faltou etanol. O brasileiro percebeu o perigo desta dependência e voltou para a gasolina. O etanol só reapareceu em 2003, quando a eletrônica possibilitou o carro flex. Em 1993, o governo já tinha decidido misturá-lo à  gasolina na proporção de 12% (E12).

No final dos anos 90, o etanol sobrava e os usineiros pressionaram o governo para elevar o teor na gasolina para 22%. E ficou oficializado o E22 nas bombas.

Alegria durou pouco: D. Dilma autoriza, em 2014, a mistura de 27,5% de álcool, mantendo-se 25% na premium.

E agora, em 2023, nova pressão dos usineiros e o governo cria uma comissão para aumentar o teor para  30%. O argumento é ser um combustível mais “limpo”, que reduz a emissão de CO2, mas se “esquece” do aumento de aldeídos (cancerígenos) e hidrocarbonetos (HC).

A rigor, apesar do etanol, nossa gasolina está entre as melhores do mundo quando sai da refinaria. Mas  sofre com as maléficas interferências governamentais e desonestidade de intermediários até chegar ao  tanque.

Diesel faz sofrer ainda mais...

O primeiro golpe no diesel foi em 1976, desfechado pelo Departamento Nacional de Combustíveis (DNC),  antecessor da atual ANP. Com a crise do petróleo, foi proibido seu uso em veículos com capacidade de  carga inferior a 1.000 kg, com exceção dos 4x4 e agrícolas. Para reduzir sua importação e evitar que  automóveis fossem também beneficiados com a redução de impostos do diesel. A proibição permanece até  hoje. E agora faz sentido, por seu elevado teor de emissões.

Surgiu então a ideia de se acrescentar o biodiesel ao diesel, por ser de origem vegetal, renovável e  estimular o desenvolvimento agrário. Começou em 2008 com um percentual de 2% (B2) que iria aumentar gradualmente até 15% (B15) em 2023. O processo caminhou bem até 2020 mas aí, com 12%,  começaram a entupir motores por sua degradação no tanque, provocando a borra. Em 2021, quando veio o B13, a situação se agravou e o governo retornou o percentual para 10% (B10), pressionado também pelos  preços pois o biodiesel custa o dobro do diesel.

Agora, em abril, o Ministério de Minas e Energia autoriza, instigado pelos produtores, a voltar o B12. E a  gasolina de 27% para 30%. No caso do diesel, às pressas e sem tempo sequer para os testes que  comprovariam a eficácia de novas exigências especificadas pela ANP na tentativa de reduzir os problemas  provocados pelo biodiesel. 

Tem solução para o biodiesel...

Solução? Existe: o diesel verde ou HVO, que pode ser utilizado até 100%, mas sua produção exige – e os  produtores recusam - investimentos adicionais. Mais fácil a “canetada” do governo...

Quanto à gasolina, nenhum incômodo para os carros flex que aceitam qualquer percentual de etanol. E que  se danem carros e motos mais velhas à gasolina não calibradas para tanto álcool. Mas todos sofrerão no bolso pois quanto mais etanol, maior o consumo.

Quanto ao diesel B12, não é solução, mas sugestão para tentar minimizar os problemas da borra:

1- Limpeza (ou troca) com maior frequência dos filtros;
2- Uso do aditivo Fuel Cleaner que contem biocida (combate bactérias e fungos que surgem com o biodiesel e que propiciam a formação da borra).

Mais Boris? autopapo.com.br

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