Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN
Enquanto o motorista sente frio, o carro sente o frio...
Foto: Shutterstock
Não precisa nevar, mas o inverno exige cuidados extras com o carro.
Flex – As baixas temperaturas do inverno não fazem nada bem ao automóvel, principalmente o flex abastecido com etanol. Pois o combustível deve entrar no motor em estado gasoso e não líquido como vem do tanque. E o álcool tem dificuldade de se vaporizar em temperaturas abaixo de 15ºC.
A primeira (e, portanto, obsoleta) solução para o problema foi na década de 80, com os primeiros carros a álcool. Um reservatório de gasolina que a injetava no motor para que ele “pegasse” nas manhãs mais frias. Em 2003, com o carro flex, o sistema foi aperfeiçoado com a central eletrônica no comando.
A missão do pequeno reservatório (“tanquinho”) é resolver o problema, mas ele cria diversos outros, complicando a vida do motorista:
- Gasolina velha – Se ficar mais que 3 ou 4 meses (6 meses ou mais no caso da Premium) no tanquinho, ela “apodrece” e perde suas características físico-químicas. Algumas fábricas evitam este envelhecimento acionando constantemente o sistema, sempre que o arranque é acionado, esgotando o tanquinho. Ou adotam um menor, de apenas ½ litro, para esvaziar rapidamente. Alguns motoristas o abastecem com gasolina Premium, que tem maior durabilidade;
- Bomba pifada – A bombinha elétrica que injeta a gasolina pode ter se queimado, travado ou com mau contato;
- Sensor da central – O sistema só funciona se perceber que a temperatura está abaixo de 15ºC e com etanol no tanque. Se o sensor responsável por alguma destas duas informações estiver inoperante, a bombinha não será acionada.
Solução mais moderna é o aquecimento do bico injetor por uma resistência elétrica, que aquece o etanol permitindo sua vaporização. Mais confiável, pois só depende dos sensores e das resistências. Se uma delas pifa, surge uma luz de alerta no painel com o desenho de uma mola (espiral).
Mas, o sistema ainda mais moderno é não ter sistema nenhum...
Como assim?
Uma solução natural dos novos motores com injeção direta. Como o combustível é injetado sob alta pressão, é inevitável sua vaporização, aliás, melhor: ele é atomizado qualquer que seja a temperatura ou o combustível.
Solução infalível – Qualquer que seja o sistema de partida a frio, dica infalível para evitar problemas nas baixas temperaturas é misturar gasolina ao etanol. Nos EUA, o etanol é chamado E15 por conter 15% de gasolina, evitando o sistema de partida a frio. No inverno, a denominação permanece mas a gasolina é acrescentada num percentual de 30%. No Brasil, é só copiar: no inverno, ao primeiro sinal de dificuldade para o motor “pegar” de manhã, acrescentar 25% a 30% de gasolina no tanque.
Rodar 10 km: não precisa mais! – Não é mais necessário – em carros mais modernos (com injeção direta e turbina) - “rodar” alguns quilômetros antes de estacionar à noite, depois de abastecer com etanol o tanque que continha gasolina. Isto porquê a central era informada desta alteração pela sonda lambda (no escapamento), só depois que a gasolina na linha de combustível era substituída pelo etanol. Hoje, um “sensor de linha” avisa mais rapidamente a central da alteração de combustíveis no tanque.
Bateria no inverno: tombo e coice – No inverno, a reação química que produz energia elétrica é dificultada pelas baixas temperaturas. Além disso, o motor exige maior potência da bateria pois, quanto mais frio, mais viscoso o óleo e difícil de acioná-lo. Fórmula perfeita para pifar a bateria.
Ligar o ar? Sim, mesmo sem necessidade. Para não ficar todo o inverno sem funcionar, com possibilidade de ressecamento de mangueiras e travamento de válvulas. Ideal é funcionar uns cinco minutos cada dez dias ou duas vezes por mês.
Calor no pé... O sistema de calefação, ao contrário, fica meses sem funcionar até chegar o inverno. O calor para a cabine vem de mangueiras e dutos que trazem água quente do motor e que podem se oxidar ou ressecar. Surgem então trincas ou furos e a água pinga nos pés do motorista e passageiro, pois passam na parte traseira do painel.
Trincou do nada? De repente, surge – do nada - uma trinca no para-brisa. Não foi uma pedrinha que o atingiu, mas provocada pelo choque térmico: elevada (e rápida) variação da temperatura ambiente.
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