Boris Feldman é mineiro, formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da fábrica de peças para motores Metal Leve e editor de diversos cadernos de automóveis. Escreve a coluna sobre o setor automotivo no O POVO e em diversos outros jornais pelo país. Também possui quadro sobre veículos na rádio O POVO/CBN
Preço assusta inicialmente, até motorista perceber que não se preocupa nem com pneu furado...
Foto: Barbara Moira (2/7/2020)
Consumidor deve colocar prós e contras na hora de ter um carro por assinatura
Não bastasse a dúvida na cabeça ao decidir qual será o próximo carro, surgiu agora uma outra ainda mais complicada: posse ou uso? Comprar ou alugar?
Fábricas, locadoras e concessionárias estão todas empenhadas em emplacar uma nova maneira de entregar o carro zero km para o cliente, um aluguel por longo período. Chamado, mais sofisticadamente, de “assinatura”. Você não compra e nem aluga, você adere ao sistema de “assinatura”.
Que, a rigor, é um aluguel por um período pré-fixado, geralmente de 12 a 48 meses. O valor do aluguel varia: quanto maior o período e menor a franquia de quilometragem mensal, menor o custo mensal.
Cerca de R$ 1.700 para uma franquia de 500 km de um modelo barato, na faixa de R$ 80 mil, chegando a R$ 3 mil para um médio de R$ 150 mil por 48 meses com franquia de 1.000 km mensais.
Para um carro importado de luxo que custa no entorno de R$ 300 mil, o custo sobe para R$ 6 mil mensais.
O interessado faz as contas: vou pagar quase R$ 150 mil (R$ 3.000 por mês durante 48 meses) e devolver o carro? Não seria melhor contratar um financiamento e ser seu proprietário ao final do contrato? A resposta é: não!
Quase todos se esquecem de colocar na ponta do lápis todos os prós e contras do sistema de assinatura. E as despesas necessárias para ter sua posse. Item por item num carro de cerca de R$ 150 mil.
Se o dono deixa de comprá-lo, o valor poderia ser aplicado e renderia próximo a 0,8% mensalmente. Ou seja, R$ 1.200 a deduzir dos R$ 3 mil de aluguel;
Ao fim do contrato, o carro teria se desvalorizado, na melhor das hipóteses, de 20% a 30% ao ser vendido como usado. Ou seja, evita um preju mínimo de R$ 30 mil;
Não se paga nenhum tipo de manutenção, revisões, emplacamento ou seguro. Minimo de R$ 1.000 mensais. E com assistência técnica 24 horas;
Ao fim do contrato, troca-se o carro por outro zero km sem nenhuma despesa;
E, se for em nome de pessoa jurídica, o aluguel entra na contabilidade como despesa.
Então, o cliente roda sempre com um carro novo sem pagar por isso. Cabe a ele exclusivamente o combustível, estacionamento e pedágios. Nem pneu furado entra na conta... Claro que devem ser feitas as contas para o caso específico de cada um.
Em geral, os planos mais interessantes são para períodos de no mínimo 36 meses. E quanto menor a franquia de quilometragem, mais barato.
A assinatura, comparada com outros planos de financiamento, leva vantagem na maioria dos itens analisados e com o adicional da comodidade: nenhuma preocupação nem tempo perdido com a burocracia no emplacamento, seguro, revisões e manutenção.
Diversas fábricas estabeleceram seu próprio esquema de venda por assinatura, Fiat, Ford, Jeep, Mitsubishi, Toyota, VW e até a Audi, entre elas. E também dezenas de concessionárias e grandes locadoras como Localiza e Movida.
Não é posse, é uso. O carro não pode ser vendido nem trocado durante o contrato. Se o cliente desistir por qualquer motivo antes de seu fim, terá que arcar com uma multa contratual.
Prós e contras na balança, as assinaturas estão caindo no gosto do brasileiro. E aumentando o volume de interessados neste sistema e, por isso, de empresas que o oferecem.
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