Fundador e atual Presidente do Instituto Brasil África. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará com Pós-doutorado em relações internacionais na Universidade de Brasília (UnB). É professor visitante em universidades brasileiras e africanas e Associado Internacional Sênior do Centro de Estudos Africanos, Latino-Americanos e Caribenhos (CALACs) da Jindal Global University (Índia). Em 2018, recebeu a Comenda da Ordem de Rio Branco, distinção concedida pelo governo brasileiro, em reconhecimento aos seus méritos na promoção das relações entre o Brasil e a África
Resposta forte de Joe Biden à pandemia, desde quando tomou posse na Casa Branca, realinha Estados Unidos com a agenda internacional
Depois de uma campanha eleitoral bastante tensa e polarizada com Donald Trump, Joe Biden chegou à Casa Branca sabendo que sua principal agenda interna deveria ser o enfrentamento da crise da Covid-19. De forma assertiva Biden tomou para si a responsabilidade de apresentar uma resposta à pandemia nos Estados Unidos e anunciou em abril passado a meta de vacinar 200 milhões de americanos nos seus primeiros 100 dias de governo, com a possiblidade de alcançar 70% da população até o dia 4 de julho ( Dia da Independência).
A cifra não foi alcançada, mas com quase 160 milhões de pessoas totalmente vacinadas é possível ver que Biden conseguiu uma grande vitória.
Mas é no cenário internacional que a atenção do presidente americano e seus assessores deve ser direcionada, pois os Estados Unidos precisam retomar seu espaço e imagem de destaque prejudicados durante o governo de Donald Trump com seu discurso isolacionista da “America First”: uma agenda que projetou hostilidade a todas as coisas estrangeiras - pessoas, produtos e ideias.
Para mostrar sua intenção de destacar sua voz e apresentar uma nova narrativa de diálogo e consenso, Biden em seu primeiro dia de mandato anunciou que os Estados Unidos voltariam ao Acordo de Paris e que convocaria uma Cúpula de Líderes sobre o Clima para galvanizar os esforços das principais economias para enfrentar a crise climática.
Nos dias 22 e 23 de abril, em um evento virtual transmitido ao vivo com exibição pública, milhões de espectadores ao redor do mundo viram Biden recebendo mais de 40 líderes mundiais.
Mais recentemente, durante a reunião anual do G7 no Reino Unido, em sua primeira viagem internacional como presidente dos Estados Unidos, Biden declarou que "a América está de volta à mesa" e que neste momento difícil enfrentado por todas as nações a recuperação econômica global inclusiva está entre as principais prioridades de sua política externa.
Biden também tentou persuadir o G7 a se concentrar na ameaça representada pela China e a criar um fundo global para rivalizar com os bilhões que o pais asiático está despejando nos países em desenvolvimento.
Os lideres do G7 não querem entrar nessa briga, pois sabem que os recursos de Pequim são sempre generosos e agora, muito mais necessários.
Outra demonstração de sua determinação em marcar território aconteceu durante a primeira cúpula com o líder russo Vladimir Putin em junho passado quando o presidente americano procurou maneiras de conter o comportamento perturbador da Rússia, principalmente em relação a armas, segurança cibernética e direitos humanos.
Se as palavras de Biden têm poder de mudar as coisas, é ainda cedo dizer, mas algumas das ações do seu governo mostram a determinação de sua caneta que dentre outras iniciativas interrompeu o processo de retirada dos EUA da Organização Mundial da Saúde, acabou com a chamada proibição de viagens aos muçulmanos e cancelou o financiamento da construção de um muro de fronteira com o México.
Joe Biden, experiente e bom negociador vai tentar reparar alianças por meio da diplomacia e restaurar a posição de liderança de Washington no cenário global concentrando sua atenção mais em outros problemas mundiais, incluindo o que pode ser considerada a principal ameaça dos EUA: a China.
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