Fundador e atual Presidente do Instituto Brasil África. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará com Pós-doutorado em relações internacionais na Universidade de Brasília (UnB). É professor visitante em universidades brasileiras e africanas e Associado Internacional Sênior do Centro de Estudos Africanos, Latino-Americanos e Caribenhos (CALACs) da Jindal Global University (Índia). Em 2018, recebeu a Comenda da Ordem de Rio Branco, distinção concedida pelo governo brasileiro, em reconhecimento aos seus méritos na promoção das relações entre o Brasil e a África
O Novo Banco de Desenvolvimento tem sede em Xangai e foi estabelecido em 2014 pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, abrindo formalmente para negócios um ano depois
A 15ª Cúpula do Brics, a ser realizada na África do Sul entre os dias 22 e 24 de agosto promete chamar a atenção do mundo, principalmente por que está programada a consideração dos pedidos de entrada de 19 nações. Na lista constam 13 pedidos de adesão formal e 6 pedidos de adesão informal de nações como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito, Turquia, Sudão, Argentina, Argélia, México, entre outros.
A ideia do que poderá ser chamado de Brics+ ganhou força sob a presidência da China em 2017. Não por coincidência, na última década, o gigante asiático aumentou 130 vezes seu comércio bilateral e de mercadorias com mercados emergentes e economias em desenvolvimento, tornando o país o maior exportador mundial. Não restam dúvidas que mais países querem fazer negócios com a China, que também está oferecendo investimentos substanciais para seus parceiros.
O crescente interesse no Brics é evidente a partir das conquistas notáveis que a organização alcançou nos últimos anos, quando o grupo de 5 membros superou as nações do G7 não apenas em paridade de poder de compra, mas também em taxa de crescimento do PIB com a previsão de chegar a US$ 30 trilhões, superando o dos Estados Unidos. Ressalte-se também que a população total dos estados membros do Brics ultrapassaria 4,3 bilhões após a expansão do grupo, o que representa mais da metade da população mundial.
A evidência da força do grupo dos Brics foi apresentada em abril passado em Nova York por Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, quando disse que o mundo está testemunhando uma fragmentação da economia global em blocos concorrentes, onde cada bloco tenta atrair o máximo possível do resto do mundo para mais perto de seus respectivos interesses estratégicos e valores compartilhados. A fragmentação sugerida por Lagarde gira em torno de dois blocos liderados por Estados Unidos e China, respectivamente as duas maiores economias do mundo.
Outra discussão que ganha relevância entre os países do Brics e os possíveis membros é deixar de depender ou rejeitar o dólar americano como moeda de comércio. Não parece tarefa fácil, pois atualmente, 88% das transações internacionais são realizadas com a moeda americana e o dólar responde por 58% das reservas cambiais globais.
Sobre o uso de outras moedas, vale destacar o que disse recentemente Dilma Roussef, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) . “É muito importante para mim que o NDB, o Banco dos Brics, atue como ferramenta para apoiar as prioridades de desenvolvimento dos Brics e de outros países em desenvolvimento. Estamos vendo muitos países optando por negociar usando suas próprias moedas.” A afirmação de Roussef está amparada no estatuto do banco que tem que emprestar 30% em moedas de seus países membros e deixa claro que NDB é essencialmente uma alternativa às ações de financiamento do Banco Mundial.
O NDB com sede em Xangai foi estabelecido em 2014 pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e abriu formalmente para negócios um ano depois. Posteriormente, Bangladesh, Emirados Árabes Unidos e Egito se juntaram a ele. O Uruguai está em processo de adesão e a Arábia Saudita também está em negociações para se tornar membro. Até o momento o banco aprovou US$ 30 bilhões em financiamento.
O Brics tem a seu favor uma ferramenta financeira que ajuda a promoção da agenda econômica dos países membros e na mobilização de recursos para infraestrutura e desenvolvimento sustentável em áreas como energia, educação e transferência de tecnologia, mudança climática, segurança e cooperação. Neste sentido o NDB passa a ter mais relevância que a organização que lhe deu origem e a nova ordem global aponta que O BRICS+ com influência direta e interesse da China se apresenta como uma forte alternativa multilateral e transferência de poder do “Norte Global” para o “Sul Global”.
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