A dez dias da eleição, o que RC fará para reverter quadro desfavorável?
Estagiou como produtor na Rádio O POVO/CBN e repórter do portal de notícias O POVO. Na editoria de Política, atuou como estagiário e, desde janeiro de 2019, é repórter. Cobriu as eleições de 2018 e 2020. Participou da quarta fase do Projeto Comprova. A coluna é dedicada principalmente ao acompanhamento e análise do fenômeno da desinformação e das fake news. Como elas influenciam o cenário político e quais conteúdos fraudulentos têm mais repercussão
Muito provavelmente, a pergunta que trago no título não encontra resposta pronta e organizada nem no seio da campanha do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), com todos os experientes estrategistas de que dispõe. Era dele o discurso mais difícil a ser formulado, embalado pelo marketing político e entregue ao eleitor para que aceitasse, e não franzisse o cenho, como sugere sua queda na série de quatro pesquisas Ipespe, encomendadas pelo O POVO.
O PT rompeu com o PDT na esteira da escolha de Roberto Cláudio como candidato. Ou da derrota de Izolda Cela, atual governadora, para ele no diretório estadual do PDT. Da costela dessa confusão nasceu a candidatura de Elmano como defensor da continuidade dos governos de Camilo Santana (PT) e Izolda Cela (sem partido). Apoiado enfaticamente por um ex-governador e cada vez mais nitidamente alvo da simpatia da atual mandatária, o figurino que o petista vestiu lhe cabe e faz sentido que tenha optado por ele.
Na passagem pela redação para comentar a pesquisa e esticar as pernas em conversa com a editoria de Política, o colunista e diretor de Opinião do O POVO, o colega Guálter George, assinalou bem o que cabia a Roberto: travar com Elmano não uma disputa nos termos escolhidos, com direito a críticas ao passado do petista vinculado ao MST, mas sim pela condição de mais autêntico representante da continuidade.
Ou seja, a estratégia da campanha foi fundada num pressuposto que se mostra equivocado, ainda que possivelmente lastreado em alguma pesquisa qualitativa: o de que o cearense estaria cansado do ciclo de Camilo Santana sequenciado por Izolda. A era, aliás, se inicia com o hoje senador Cid Gomes (PDT), eleito em 2007, nos estertores do ciclo político chamado de "mudancismo".
Em 2006, Lúcio Alcântara tinha um governo até bem avaliado, mas havia cansaço em relação ao "mudancismo" iniciado com Tasso Jereissati, em 1987. Ao olhar para o retrovisor, é possível que RC tenha feito algum paralelo desta natureza. Imperfeito, muito provavelmente.
Ainda que estivesse correta a hipótese, seria ele o melhor intérprete de um discurso de mudança? O que melhor convence de que está inconformado com a suposta má aplicação do dinheiro do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop)? Que a descobriu há dois ou três meses?
Parece-me que o eleitor se lembra demais da troca de passes entre ele e Camilo, em termos metafóricos e literais, como nas inaugurações das areninhas pela Capital, em que os dois não raramente apareciam uniformizados, jogando em mesmo time, para se tornar convencido de qualquer estratégia retórica nessa linha, seja apontando equívocos no Fecop ou da política de segurança pública e o poder paralelo exercido pelas facções criminosas no Ceará.
Corrigida à 1h04min para registrar que foi o PT a tomar a iniciativa de formalizar o rompimento com o PDT.
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