Estagiou como produtor na Rádio O POVO/CBN e repórter do portal de notícias O POVO. Na editoria de Política, atuou como estagiário e, desde janeiro de 2019, é repórter. Cobriu as eleições de 2018 e 2020. Participou da quarta fase do Projeto Comprova. A coluna é dedicada principalmente ao acompanhamento e análise do fenômeno da desinformação e das fake news. Como elas influenciam o cenário político e quais conteúdos fraudulentos têm mais repercussão
Foto: Twitter
Montagem feita por grupos bolsonaristas com a cantora Lady Gaga
Indeciso sobre começar esse texto em meio a tantos caminhos possíveis e assuntos inacreditáveis, o colunista conversou com uma competente psicanalista de Fortaleza sobre os eventos da semana que dizem respeito ao tema central deste espaço, a desinformação e suas mil faces desleais. Especificamente, sobre o papel desempenhado pela mentira no juízo da parte mais destacada dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Lula da Silva (PT) em eleição sobre a qual lançam toda sorte de suspeitas e gritaria em frente a regiões militares. Tudo coisa infundada.
Aqui, desprezar-se-á, como diria Michel Temer, aquela fatia de apoiadores que operam a indústria de fake news ou ainda os que estão cientes de sua existência. Sobra parcela que crê genuinamente em mentiras as mais estapafúrdias e ridículas. Coisa inacreditável que os últimos quatro anos revelaram ser possível de acontecer. Como disse o jornalista Octávio Guedes, no canal fechado GloboNews, sobre o bolsonarismo, mas em outro contexto, "depois desses quatro anos de governo Bolsonaro, muitas coisas ficaram claras."
A coluna perguntou o que faz uma pessoa acreditar que a cantora Lady Gaga, por exemplo, é membro do Tribunal Penal Internacional, situado em Haia. Stefani Germanotta, nome oficial da cantora, discutiria com Bolsonaro meio de intervir no Brasil em razão de uma alegada fraude nas urnas. Os votos seriam recontados, tornando Jair vencedor da corrida presidencial. A imagem que circulou mostra ela de óculos e um recorte de uma live do presidente, de modo a sugerir que estavam em videoconferência.
Teve também a vocalista do grupo musical Abba, Agnetha Faltskog, outra "convidada" para o extemporâneo festival do histerismo. Ela deu vida à "juíza renomada sueca Anna Ase", para quem as urnas eletrônicas brasileiras foram objeto de marmelada. A artista falava sobre música na entrevista concedida em 2013, algo bem distinto do mundo de Bolsonaro que, frise-se, não foi capaz de emitir nem a mais esquálida nota sobre a morte de Gal Costa. Mas é capaz de jurar que gosta do Brasil.
O antepenúltimo parágrafo da coluna é, claro, referente ao lutador da artes maciais mistas Vitor Belfort, cuja queda para uma mentira disseminada nas redes só não superou a patada de Anderson Silva da qual foi alvo, na face, em 5 de fevereiro de 2011. Ele se somou ao clamor para que o general Benjamin, de sobrenome Arrola, saísse em socorro da sociedade supostamente em apuros com a vitória petista.
Ainda haveria um sósia de Lula, seus supostos dez dedos que denunciariam que o torneiro mecânico e ex-presidente, o real, já teria morrido. A demora para chegar à resposta de minha amiga faz com que ela mereça reprodução na íntegra, confesso, já pedindo desculpas ao leitor. Chega de tanta embromação, portanto. De uma vez por todas à psicanalista e sua análise.
"Para a psicanálise, em termos clínicos, não importa muito se um sujeito mente, porque toda mentira denuncia algo sobre a verdade do seu desejo. Nessa chave de leitura que você tenta fazer, social e política, eu diria que a mentira faz parte de uma fantasia que essas pessoas compartilham, que produz uma realidade baseada na marca da diferença "nós contra eles". Para sustentar essa realidade, não importaria muito 'o que é verdade', mas apenas se as fake news elaboradas ajudam a manter a unidade dessa fantasia compartilhada", ela me escreveu. A coluna subscreve.
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