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Direita trava "barraco judicial" no Ceará
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Direita trava "barraco judicial" no Ceará

Tipo Análise
Heitor Freire entrou com mais uma ação contra André Fernandes (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Heitor Freire entrou com mais uma ação contra André Fernandes

O deputado federal Heitor Freire (PSL) entrou neste mês com mais uma ação contra o deputado estadual André Fernandes (PSL) por crimes contra a honra. Ao todo, já são três processos movidos por Freire contra o ex-aliado, com quem trava intenso e público embate desde que se aprofundou o processo de racha no PSL, em outubro do ano passado. A disputa, no entanto, não começou ali nem fica restrita aos dois: Mesmo com todos se dizendo cristãos, conservadores e aliados de Jair Bolsonaro, filiados da direita cearense vêm se "bicando" na Justiça desde os primeiros meses de mandato do presidente.

André Fernandes não é o único alvo de Heitor Freire entre os conservadores do Estado. Além dele, o deputado federal também processa Alberto Bastos Vieira, pré-candidato a vereador de Fortaleza e ex-assessor próximo do deputado estadual, em duas ações. A última também foi apresentada ainda neste mês. Outros dois assessores que estão no gabinete de de Fernandes na folha da Assembleia de maio deste ano, Kawan Menezes Ponte Miranda e Tancredo dos Santos Moreira, também são processados pelo deputado.

Completa o "listão" de processos Maria do Perpetuo Socorro Aguiar Germano, ex-articuladora do PSL local, e Manuela Furtado de Melo, assessora lotada no gabinete do deputado Delegado Cavalcante (PSL) na Assembleia. No final de maio, depoimento prestado por Freire apontando a existência de uma versão local do "Gabinete do Ódio" no Ceará também fez com que Cavalcante prometesse processar o deputado federal. Apesar da ameaça, o processo ainda não teve entrada na Justiça cearense.

"Traidor, mentiroso, lixo"

Na última ação movida por Freire contra Fernandes, o deputado federal acusa o ex-aliado de praticar os crimes de calúnia, difamação e injúria em publicações recentes nas redes sociais. Ele destaca imagem compartilhada no Instagram do deputado estadual com os dizeres "peço desculpas a todos por ter pedido voto para este lixo, traidor, mentiroso, que não se elege mais nem para síndico".

"Essa conduta é inaceitável ao direito e ao tratamento adequado entre seres humanos (...) a atitude do réu somente demonstra que o mesmo não tem qualquer pudor em relação ao seu trato com o demandante ou quanto à imagem que este tem. Tal atitude foi claramente devota a destruir a reputação do requerente e a lhe causar dano expressivo em sua imagem", diz a ação, que recomenda entrada do Ministério Público no caso.

Namoro curto

Apesar de ter atingido estopim em outubro passado, após Freire ser acusado de vazar diálogo do presidente Jair Bolsonaro em articulação sobre mudanças no comando do PSL em Brasília, processo de ruptura entre o PSL já ocorria há muito mais tempo no Ceará. E as causas do embate, por incrível que pareça, eram bem menos ideológicas e muito mais "pragmáticas".

Freire e Fernandes começaram a se desentender já em abril de 2019, após o deputado estadual se lançar pré-candidato a prefeito de Fortaleza e minimizar chance de apoio do PSL à candidatura de Capitão Wagner, que na época fazia críticas ao projeto de Reforma da Previdência no Congresso. A tese foi desautorizada por Freire, o que já causou mal-estar entre os parlamentares. Curiosamente.

Em ponto mais grave, desde o início de 2019 o deputado federal era acusado por Delegado Cavalcante e André Fernandes de "autoritarismo" no comando da legenda no Estado, exonerando delegados ligados a outras lideranças e nomeando aliados pessoais para as posições. Em junho de 2019, o desgaste chegou ao ponto de os dois deputados pedirem a destituição de Freire no comando da legenda, o que foi negado pelo PSL Nacional.

Após o racha definitivo no PSL, Fernandes e Cavalcante acabaram seguindo rumos de Jair Bolsonaro, se afastando da antiga sigla e mirando na formação do Aliança pelo Brasil. Os processos na Justiça, no entanto, continuam.

 

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