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PT quer unir esquerda em Fortaleza, mas descarta Ciro
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

PT quer unir esquerda em Fortaleza, mas descarta Ciro

Tipo Opinião

O presidente do PT em Fortaleza, vereador Guilherme Sampaio, defendeu ontem que partidos de esquerda "discutam a sério" a possibilidade de formar uma unidade para as eleições deste ano na Capital. Segundo o petista, o movimento deve unir tanto as siglas quanto movimentos populares diversos, com objetivo de "derrotar o bolsonarismo e construir uma alternativa democrática e popular" em Fortaleza. Entre as legendas citadas pelo vereador para a possível aliança estão, além de petistas, Psol, PCdoB, PSB, PCB e UP.

O presidente do PT em Fortaleza não inclui, no entanto, o PDT de Cid e Ciro Gomes da lista de possíveis aliados para a esquerda. Segundo Sampaio, isso ocorre principalmente por causa da recente escalada de críticas de Ciro a lideranças petistas e ao ex-presidente Lula. "Isso (a necessidade de uma unidade entre a esquerda) ganha ainda mais importância no Ceará, diante da postura de Ciro que, ao atacar Lula e o PT, tenta fazer de seu projeto de poder pessoal algo mais relevante que a resistência ao fascismo, que o momento impõe", afirma Sampaio.

"Penso que é obrigatório que o movimento popular e a esquerda partidária, especialmente PT, Psol, PCdoB, PSB, PCB e UP, coloquem seus nomes à mesa e discutam a sério a possibilidade de nossa unidade nas eleições de 2020", destaca o vereador.

Para bom entendedor...

A manifestação de Guilherme Sampaio é a primeira resposta mais contundente de uma liderança petista local sobre a possibilidade de uma aliança entre PT e PDT em Fortaleza. No início de junho, Camilo Santana (PT) exonerou o então assessor especial de articulação política do Governo do Estado, Nelson Martins (PT), dentro do prazo da Justiça Eleitoral para candidatos na eleição deste ano. Pegando aliados de surpresa, o movimento foi visto como sinalização de um interesse do governador na união entre os partidos.

Ao destacar críticas de Ciro e excluir o PDT da lista de possíveis nomes para uma unidade à esquerda, Guilherme acaba afastando essa possibilidade de composição. A posição do presidente do partido em Fortaleza acaba fortalecendo tese que já vinha em construção no PT desde o ano passado, com pré-candidatura da deputada federal Luizianne Lins.

Aposentadoria do TCM

Em julho do ano passado, escrevi neste espaço sobre a flagrante inconstitucionalidade da aposentadoria especial aprovada no Estado para ex-conselheiros do extinto Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). A matéria, proposta por Osmar Baquit (PDT) e aprovada pela Assembleia Legislativa, chegava ao cúmulo de incluir um artigo que "desconsiderava" trechos da Constituição Federal de 1989. O deputado Heitor Férrer (SD) levou o caso à Justiça e, na última semana, a pensão foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Curioso é como tamanha anomalia jurídica tenha conseguido chegar tão longe.

Zambelli e Capitão

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) declarou neste fim de semana apoio à candidatura de Capitão Wagner (Pros) a prefeito de Fortaleza. Chamando o colega até de "próximo prefeito", a deputada disse ter conhecido o candidato por meio do marido, o comandante da Força Nacional, coronel Aginaldo de Oliveira. "Chega de oligarquias e de massacrar a população do Ceará. A mudança começa pela prefeitura de Fortaleza", diz Zambelli.

A fala acaba sinalizando rumos que a base bolsonarista deve tomar na Capital. Até agora, Wagner tem tentado manter postura de neutralidade com relação à gestão Jair Bolsonaro, chegando a se posicionar contra interesses do governo durante a reforma da Previdência. Outra curiosidade: coronel Aginaldo esteve em Fortaleza no início do ano, durante motins de policiais militares no Estado. Em fala na última assembleia da categoria antes do fim das ações, o marido de Zambelli fez discurso emocionado, chamando amotinados de "heróis" e dizendo que eles saíam "gigantes" da crise.

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