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Capitão Wagner sem DEM; e o que significa
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Capitão Wagner sem DEM; e o que significa

Tipo Opinião
  CAPITÃO Wagner é pré-candidato que mais se movimenta em Fortaleza (Foto: Claudio Andrade/Câmara dos Deputados)
Foto: Claudio Andrade/Câmara dos Deputados CAPITÃO Wagner é pré-candidato que mais se movimenta em Fortaleza

No maior movimento da oposição à base do prefeito Roberto Cláudio (PDT) até agora, convenção do Pros em Fortaleza lançará hoje o deputado federal Capitão Wagner para a disputa pela Prefeitura da Capital. Entre os nove partidos que serão confirmados para compor a base do parlamentar, no entanto, haverá uma ausência digna de destaque: o Democratas, sigla objeto de cobiça e muitas articulações do parlamentar até os "45 do segundo tempo".

Agendando sua própria convenção para o próximo sábado, 12, o DEM não poderá confirmar hoje apoio ao candidato do Pros para a campanha, muito menos a indicação de um possível vice para a chapa. A data escolhida pelo partido, no mesmo dia em que será realizada convenção do PDT de Roberto Cláudio em Fortaleza, é mais um forte sinal - para dizer o mínimo - de união entre a sigla do vice-prefeito Moroni Torgan e pedetistas.

Após meses de disputas internas no partido, parece ter prevalecido tese do atual líder do DEM, Chiquinho Feitosa, pela permanência da sigla na base do prefeito. Vale lembrar que, em julho de 2019, ele chegou a ser destituído do comando da agremiação em prol da médica Mayra Pinheiro (hoje no Novo), oposicionista convicta do prefeito e que defendia aliança com Wagner. Caso confirmada no sábado, aliança DEM-PDT tem ainda várias outras repercussões locais.

Tasso Jereissati e Chiquinho Feitosa
Foto: divulgação
Tasso Jereissati e Chiquinho Feitosa

PSDB?

O impacto mais imediato caso o DEM decida seguir com a base de RC será uma grande probabilidade de adesão também do PSDB à chapa. A preço de hoje, a coisa mais certa entre os dois partidos é que ambos marcharão juntos na eleição deste ano, seja lá quem for o candidato escolhido. Seria a eleição de 2020 o marco da reaproximação entre Ciro Gomes (PDT) e seu antigo padrinho político, o senador tucano Tasso Jereissati?

Rompidos politicamente desde 2010, Ciro e Tasso têm se reaproximado desde o início de 2019, quando o senador Cid Gomes (PDT) ajudou na articulação da candidatura do tucano à presidência do Senado. De lá para cá, houve muita troca de afagos entre ambos e inclusive pelo governador Camilo Santana (PT). Situação bem diferente da disputa de 2018, quando o PSDB lançou o general Guilherme Theophilo para o governo, em campanha marcada por duros ataques entre Tasso e os Ferreira Gomes. Nada que o tempo (e a política) não resolvam.

Samuel cresce

 Samuel Dias, pré-candidato do PDT
Foto: REPRODUÇÃO/FACEBOOK
 Samuel Dias, pré-candidato do PDT

Outro impacto da possível confirmação da aliança DEM-PDT é o fortalecimento da pré-candidatura do ex-secretário de governo, Samuel Dias, entre os cinco nomes colocados pelo PDT para a disputa. Em conversas recentes com Tasso Jereissati, Chiquinho Feitosa não tem escondido ter preferência pessoal pela indicação do secretário.

Ciro 2022

Ciro Gomes
Foto: Aurélio Alves
Ciro Gomes

Outro ponto interessante da articulação é sobre o que ela revela para a estratégia de Ciro Gomes de olho na eleição presidencial de 2022. Quando o DEM nacional ameaçou puxar o partido para a oposição no Ceará, foi o líder do clã Ferreira Gomes que foi a Salvador conversar com o líder-mor da legenda, o prefeito de Salvador ACM Neto, para aparar as arestas. A conversa é forte sinal de uma aproximação de ambos para a próxima eleição.

Ganharia Ciro, que tenta atrair partidos de grande expressão nacional e com entrada em setores importantes na sociedade. Ganharia ACM, que possui pouca entrada em regiões do Interior da Bahia onde o PDT possui maior capilaridade. Durante participação no programa Roda Viva do final de agosto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou até a declarar ter votado em Ciro na disputa de 2018. Sinais de que as conversas têm andado.

PDT e Wagner

Com ou sem apoio do DEM e do PSDB, chama a atenção a grande adesão obtida por Capitão Wagner para a disputa deste ano. Em 2016, o candidato conseguiu formar uma aliança com apenas quatro partidos - menos da metade do número atual. Um deles era o PSDB, vejam só.

 

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