O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Com poucos dias até o início da gestão José Sarto (PDT) em Fortaleza, o PT da Capital ainda não fechou questão sobre qual deverá ser sua postura com o futuro prefeito no Legislativo. A preço de hoje, todos os três vereadores da legenda sinalizam interesse de integrar a oposição, puxados menos por Sarto em si e mais pelos reiterados ataques de Ciro Gomes (PDT) ao partido. Na outra ponta da questão, Camilo Santana (PT) e outros líderes do partido, como o deputado Acrísio Sena (PT), pregam pacificação com pedetistas.
É uma equação complicada. De um lado, está a importância da aliança entre PT e PDT no nível estadual, com pedetistas compondo a maior parte da base de Camilo na Assembleia e ocupando diversas pastas importantes no governo. Grande cabo eleitoral de Sarto na disputa deste ano, o governador também tem dado sinais de que quer mais protagonismo na política de Fortaleza, o que também fortalece a tese de petistas na base do outro prefeito.
Do outro lado, pesa o fato de que, na eleição deste ano, nenhum dos três vereadores eleitos pelo PT teve, sozinho, um desempenho "extraordinário" nas urnas. Entre os 40 parlamentares mais votados em Fortaleza, por exemplo, há apenas uma petista, Larissa Gaspar, que teve 8.555 apoios e ficou como a 19ª vereadora mais votada. Boa parte da votação do partido acabou vindo por expressivos votos na legenda (15.462), o que petistas atribuem à candidatura de Luizianne Lins (PT) na disputa majoritária. Crítica de primeira hora dos Ferreira Gomes e do prefeito eleito, a força da deputada nas urnas fortalece tese pela oposição.
Caso o PT decida pela tese crítica ao governo, bloco adversário da gestão Sarto na Câmara ficará com composição curiosa. Será, na prática, como se o prefeito tivesse três oposições diferentes. Duas delas atuando pela esquerda: Uma formada pelos petistas, mais ligada a Luizianne Lins, e outra formada pelos dois vereadores eleitos pelo Psol, mais ideológica de esquerda e provavelmente articulada junto ao deputado Renato Roseno (Psol).
Completa o grupo outra oposição maior, ideológica pela direita, formada por parte dos vereadores eleitos pela coligação de Capitão Wagner (Pros) na disputa. Originalmente com 12 parlamentares, o bloco deve ter entre quatro e cinco baixas até o início da gestão, como nomes como Wellington Saboia (PMB), Germano He-Man (PMB) e Erivaldo Xavier (PSC) já anunciando tese mais de independência à gestão.
Outros nomes, como Márcio Martins (Pros), Sargento Reginauro (Pros), Julierme Sena (Pros), são próximos de Capitão Wagner e devem ter protagonismo destacado nesse bloco. Completam o grupo do 2º colocado na disputa grupo de bolsonaristas eleitos na Capital, como Pastor Ronaldo Martins (Republicanos), Carmelo Neto (Republicanos), Priscila Costa (PSC) e Inspetor Alberto (Pros).
Ou seja, em votações acirradas, o fortalezense provavelmente verá muito o inusitado cenário de bolsonaristas, petistas e psolistas todos unidos na buscar por impor derrotas a Sarto.
Interlocutores de José Sarto juram de pés juntos que o atual prefeito ainda não definiu nomes do seu secretariado, que deve ser anunciado entre o Natal e o Réveillon. A definição dos nomes do "núcleo duro" da gestão, no entanto, já estaria encaminhada. Entre nomes "certos", está o de Elpídio Moreira, que deve chefiar o Gabinete do Prefeito (não confundir com Elpídio Nogueira, que é vereador e irmão do prefeito).
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