O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Com reunião marcada com o ex-presidente Lula (PT) para hoje ou amanhã, o ex-senador Eunício Oliveira (MDB) diz que terá "conversa franca, entre dois amigos", com o petista em Fortaleza. Em entrevista à coluna, o emedebista disse ter recebido ontem ligação de Lula fazendo um pré-agendamento para o encontro, que deve ter horário confirmado na manhã de hoje. Como tem ocorrido nas outras reuniões entre o petista e líderes partidários no Ceará, a conversa ocorrerá no hotel onde o ex-presidente está hospedado em Fortaleza.
"Eu não escondo de ninguém que, com respeito aos demais candidatos, tendo em vista que meu partido não construiu candidatura a nível nacional, eu, por tudo que o Lula fez pelo Nordeste, como fui ministro e pela relação de amizade pessoal com ele, voto no Lula", diz Eunício. O ex-senador, hoje adversário local ferrenho do grupo de Cid e Ciro Gomes (PDT), também afirma que, apesar de votar em Lula, não descarta uma aliança no Ceará com membros da oposição ao PT e ao governo Camilo Santana (PT).
"Isso (voto em Lula) não me impede de conversar com outras lideranças. Em 2014 mesmo eu fui aliado do Tasso (Jereissati, senador do PSDB), que votava no Aécio Neves enquanto eu votava na Dilma", disse. Ele destaca que o próprio PT "parece estar querendo" fazer palanque duplo no Ceará. "É uma vontade do próprio Camilo, e ele disse isso publicamente, que ele gostaria de manter aliança com o PDT. E obviamente o PDT tem candidato a presidente da República. Se isso acontecer, vão ter que fazer palanque duplo, então é perfeitamente possível que outras chapas também façam", diz.
A fala de Eunício reforça tese - ainda não confirmada - de apoio do MDB à candidatura de Capitão Wagner (Pros) ou de outro nome da oposição ao governo do Ceará em 2022. A aproximação do ex-senador com adversários de Camilo ocorre sobretudo por desavenças existentes entre Eunício e o PDT de Ciro Gomes no Ceará. Em entrevistas recentes, o emedebista tem dito que não apoiaria "de jeito nenhum" uma candidatura do ex-prefeito Roberto Cláudio, hoje considerado o candidato "natural" do PDT para o Governo do Ceará.
Afastado da política desde 2018, quando perdeu reeleição para o Senado para Cid Gomes (PDT) e Eduardo Girão (Podemos), Eunício ainda mantém grande influência na Executiva Nacional do MDB em Brasília. Neste sentido, o ex-senador destaca que tem trabalhado inclusive por um possível apoio do partido a Lula em 2022. "Essa semana mesmo estive com senadores do MDB e o governador do Distrito Federal na minha casa, uma reunião muito importante para definir nosso futuro, com inclusive essa possibilidade de o MDB estar na chapa nacional com ele (Lula)", diz.
Eunício minimiza inclusive relação entre o MDB e o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, quando a sigla foi determinante para o avanço do processo. "Os chamados 'golpistas', digamos assim, os que fizeram o impeachment da Dilma, foram Geddel, Padilha, Moreira, Michel, Eduardo Cunha. Eu não participei desse processo, que veio da Câmara e já chegou vencido, basicamente, no Senado. Pelo contrário, eu e o Renan Calheiros fomos autores de medida que deixou a presidente Dilma elegível".
Ainda definindo posição do partido para 2022 no Ceará, Eunício tem dito que é presença "garantida" na disputa eleitoral do ano que vem. O ex-senador, no entanto, ainda não definiu se será candidato a deputado federal, senador ou governador.
"Se o PT construísse candidatura viável não teria nenhuma dificuldade de participar dessa chapa majoritária aqui no Ceará. Agora, como não teve, estou construindo o que interessa ao meu partido, que é fazer uma grande bancada. Temos cinco deputados estaduais, e nosso objetivo é fazer sete. Queremos também fazer três ou quatro deputados federais, e está bem encaminhada a questão nesse sentido (...) só tenho dificuldade hoje é com o senhor Ciro Gomes", disse.
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