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Relator da CPI do Motim acusa dirigente da APS de tentativa de tráfico de influência
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Relator da CPI do Motim acusa dirigente da APS de tentativa de tráfico de influência

Elmano de Freitas apresentou gravação que revela suposta articulação em R$ 400 mil para a obtenção de uma liminar pela entidade; depoente permaneceu em silêncio e questiona procedência do áudio
CPI do Motim na Assembleia Legislativa (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves CPI do Motim na Assembleia Legislativa

Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Motim, o deputado estadual Elmano de Freitas (PT) apresentou gravação nesta terça-feira, 7, que acusa o presidente da Associação dos Profissionais da Segurança (APS), Cleyber Araújo, de possível tráfico de influência em uma ação judicial de interesse da entidade.

A gravação foi apresentada durante o 2º depoimento do dirigente à CPI. No áudio, é possível ouvir conversa que teria ocorrido entre a direção da APS ainda em 2020. Na reunião, uma voz que seria de Cleyber revela articulação em R$ 400 mil para que a entidade consiga uma liminar para recuperar recurso que estava sendo bloqueado pelo Governo do Estado.

“O que o áudio diz é que Vossa Excelência está em uma reunião para negociar R$ 400 mil para alguém fazer tráfico de influência no Judiciário para dar certo uma liminar. E que precisa pegar R$ 68 mil para ‘ajeitar’ a situação. Para tirar do juiz, do desembargador. Essa reunião que está no áudio”, afirmou Elmano de Freitas logo após a reprodução.

Logo depois, o relator fez uma série de questionamentos sobre a questão. A defesa do depoente, no entanto, orientou o dirigente a não se manifestar sobre o caso. "Em nome da defesa, eu recomendo a ele (Cleyber) que não se manifeste agora e que Vossa Excelência venha a apresentar a fonte desse áudio, aponte a legitimidade dele", disse o advogado.

Descontos em folha

A reunião gravada teria ocorrido, segundo Elmano, logo após o Governo do Estado determinar o bloqueio, durante o motim de 2020, do pagamento que era feito por agentes de segurança a associações diretamente por desconto em folha de pagamento. Na época, as entidades entraram com uma série de ações na Justiça para recuperarem as transferências.

Há vários meses, a CPI do Motim já vinha questionando um pagamento em R$ 400 mil que teria sido feito pela APS para um escritório de advocacia na época da polêmica. Segundo a investigação, o escritório recebeu o valor apesar de não ter tido qualquer atuação formal no caso e não ter sequer sido habilitado como representante legal da associação nas ações judiciais.

Elmano de Freitas afirmou que irá enviar a gravação para a Polícia Civil para a realização de uma perícia. “Acho que o depoente agora, no entender do relator, deixa de ser depoente e passa a ser indiciado”, disse ainda. A gravação provocou intenso bate-boca na sessão, com parlamentares da oposição acusando o relator de agir de forma “politiqueira”.

“Acredito que o relator já possuía essa gravação desde janeiro, isso tem que ser apurado. O que se apresenta é um áudio, que não está no objeto da CPI, com o objetivo aqui de, mais uma vez, massacrar a Polícia Militar. O senhor não teve um pingo de Ética”, disse Delegado Cavalcante (PL), que foi rebatido e chamado de “mentiroso” por Elmano.

A coluna optou por não divulgar a íntegra das gravações supostamente envolvendo dirigentes da APS até a conclusão da perícia requisitada pela CPI do Motim.

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