O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
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Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Motim, o deputado Elmano de Freitas (PT) pediu que a secretaria dos trabalhos do grupo envie à Perícia Forense áudio de suposta reunião da Associação dos Profissionais de Segurança (APS).
Como a CPI aguardará a conclusão da perícia para continuar seus trabalhos, não será realizada reunião do grupo nesta terça-feira, 21. Segundo Elmano, o áudio revelaria suposta tentativa de tráfico de influência realizado por dirigentes da associação.
Apresentada em reunião da comissão do início de junho, a gravação mostra conversa que teria ocorrido entre a direção da APS ainda em 2020. Na reunião, uma voz que seria de Cleyber revela articulação em R$ 400 mil para que a entidade consiga uma liminar para recuperar recurso que estava sendo bloqueado pelo Governo do Estado.
“O que o áudio diz é que Vossa Excelência está em uma reunião para negociar R$ 400 mil para alguém fazer tráfico de influência no Judiciário para dar certo uma liminar. E que precisa pegar R$ 68 mil para ‘ajeitar’ a situação. Para tirar do juiz, do desembargador. Essa reunião que está no áudio”, afirmou Elmano de Freitas em 7 de junho, durante reunião da CPI que colheu segundo depoimento de Cleyber Araújo, presidente da APS.
No depoimento, o relator fez uma série de questionamentos sobre a questão. A defesa do depoente, no entanto, orientou o dirigente a não se manifestar sobre o caso. "Em nome da defesa, eu recomendo a ele (Cleyber) que não se manifeste agora e que Vossa Excelência venha a apresentar a fonte desse áudio, aponte a legitimidade dele", disse o advogado.
A reunião gravada teria ocorrido, segundo Elmano, logo após o Governo do Estado determinar o bloqueio, durante o motim de 2020, do pagamento que era feito por agentes de segurança a associações diretamente por desconto em folha de pagamento. Na época, as entidades entraram com uma série de ações na Justiça para recuperarem as transferências.
Há vários meses, a CPI do Motim já vinha questionando um pagamento em R$ 400 mil que teria sido feito pela APS para um escritório de advocacia na época da polêmica. Segundo a investigação, o escritório recebeu o valor apesar de não ter tido qualquer atuação formal no caso e não ter sequer sido habilitado como representante legal da associação nas ações judiciais.
“Acho que o depoente agora, no entender do relator, deixa de ser depoente e passa a ser indiciado”, disse ainda. A gravação provocou intenso bate-boca na sessão, com parlamentares da oposição acusando o relator de agir de forma “politiqueira”.
“Acredito que o relator já possuía essa gravação desde janeiro, isso tem que ser apurado. O que se apresenta é um áudio, que não está no objeto da CPI, com o objetivo aqui de, mais uma vez, massacrar a Polícia Militar. O senhor não teve um pingo de Ética”, disse Delegado Cavalcante (PL), que foi rebatido e chamado de “mentiroso” por Elmano.
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