O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
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Presidente do PT de Fortaleza, o vereador Guilherme Sampaio rebateu nesta quarta-feira, 29, comentários de colegas da Câmara Municipal que atacaram a decisão que expulsou o vereador Ronivaldo Maia, acusado de tentativa de feminicídio, dos quadros do partido.
“Não me surpreendo que os homens (em referência aos colegas da Câmara que defenderam Ronivaldo) não tomem consciência do machismo estrutural da sociedade em que a gente nasce, é criado e aprende a reproduzir. E aí acontece uma situação que acontece violência doméstica e, mesmo que o envolvido com ela reconheça, a primeira reação do homem é proteger quem cometeu o erro. Isso está errado”, disse.
A fala ocorreu poucas horas após Ronivaldo fazer o primeiro discurso no Legislativo após ter expulsão confirmada pelo PT. Se dizendo vítima de “justiçamento” e de um “tribunal do cancelamento”, o vereador se disse inocente da acusação de tentativa de feminicídio, anunciou que não irá recorrer da decisão e recebeu apoio de diversos colegas da Casa.
Em várias das falas em solidariedade, discursos acabaram enveredando para críticas ao PT ou ao ex-presidente Lula (PT).“Do PT você não perdeu, você se livrou, e vai ter portas abertas em qualquer outro partido. Agora, um partido que condena um cara antes de ele ser condenado, e inocenta um bandido, um ladrão, como o Lula..”, disse Marcelo Lemos (UB).
Guilherme Sampaio rebate: “O que foi julgado não foi se o vereador Ronivaldo cometeu feminicídio, ninguém tinha essa tese. O que foi julgado é se essa situação de violência doméstica seria tratada com grau máximo de gravidade pelo partido. E assim foi. Essa é a deliberação do PT (...) o partido teve coragem de analisar a conduta e tomar posição”.
“Sempre que acontece uma situação como essa, em que passionalmente ocorre uma reação que gera um dano a uma mulher, se quer passar a ideia de que é um acidente. Não foi um acidente. Há uma permissão para nós homens reagirmos dessa forma”, diz Sampaio, destacando peso diferenciado que a pauta da violência contra a mulher teria para o PT.
“Erro tem consequência. E nós estamos aqui para consequências, dizer que não houve nada é um erro. A Câmara Municipal quando arquivou esse caso errou. Ela podia não decidir cassar o mandato, podia decidir por uma punição mediada, mas ela errou, na minha opinião, ao não se posicionar sobre esse caso. Esse erro o PT não cometeu”, afirma.
Logo após a fala, Ronivaldo pediu parte na fala do ex-correligionário, reforçando a tese de que não tinha intenção de matar no episódio e que o estatuto do PT prevê a expulsão de filiados apenas quando os casos já possuem condenação em trânsito em julgado. "O mínimo, para ser justo, era aguardar a conclusão do julgamento”, disse.
“Se eu tivesse a convicção que Vossa Excelência. eu recorreria à Nacional”, respondeu Sampaio, que ainda critica comparações feitas pela defesa de Ronivaldo com condenações contra Lula anuladas na Justiça. “Fico muito incomodado pela sua defesa (...) ocorre uma situação de violência, pode ter sido involuntária, passional, qualquer coisa. Em seguida há uma tentativa de intimidação de quem denuncia e de construção da imagem de um mártir”.
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