O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Após aprovar a nova Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), peça inicial que dita rumos do orçamento do próximo ano, a Câmara Municipal de Fortaleza entrou ontem de recesso e deve retomar os trabalhos apenas no próximo mês de agosto. A sessão de ontem foi marcada por uma série de polêmicas, que envolveram desde embates entre vereadores a críticas diretas de alguns parlamentares à governadora Izolda Cela (PDT).
Em um dos momentos, o líder do governo José Sarto (PDT) na Casa, vereador Gardel Rolim (PDT), revelou que pessoas de seu gabinete chegaram a receber ameaças de morte após discursos de seu mandato no Legislativo. As ameaças, segundo ele, ocorreriam principalmente após discursos mais duros contra pessoas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Eu já aguentei muito, de tudo. Vereador criticando projeto meu sem nem ter lido o projeto, meu gabinete inclusive recebe, de vez em quando, quando faço um pronunciamento mais duro aqui, principalmente direcionado aos bolsonaristas, meu gabinete recebe ameaça de morte, gente ligando ameaçando. No início eu me incomodava, depois resolvi respirar, e tenho a convicção que Deus tá vendo", disse.
Logo em uma das primeiras falas da sessão de ontem, o vereador Emanuel Acrízio (PP) subiu à tribuna para criticar andamento da reforma do polo de lazer do Conjunto Ceará, tocada pelo Governo do Estado. Exibindo um vídeo editado com vários problemas na obra, ele chegou a sugerir que a responsabilidade da intervenção seja transferida para a Prefeitura de Fortaleza.
"Entregue essa obra para o melhor prefeito dessa cidade, que é o Sarto", diz. Depois, o vereador ainda citou disputa interna entre Izolda e o ex-prefeito Roberto Cláudio pela candidatura do PDT ao Governo. "Parece que a senhora quer que o Roberto Cláudio toque essa obra. Quem fez muita obra na Prefeitura, foi uma máquina para fazer obra, foi ele".
Logo após fala de Acrizio, o vereador Wander Alencar (Rede) "revezou" com o colega e subiu à tribuna para criticar outra obra semelhante, desta vez no bairro Curió. No pronunciamento, o parlamentar também fez críticas à governadora, comparando a gestão estadual com o governo de Roberto Cláudio em Fortaleza.
"Ouvindo aqui o pronunciamento do meu amigo Emanuel, lembrei de uma grande dificuldade que a gente tá passando lá no Curió. Lá tem uma praça igual a essa aí, coincidentemente uma das poucas praças que não foi reformada na gestão do Roberto Cláudio. E não foi reformada por quê? Porque a reforma estava com o Governo do Estado".
A última sessão do ano também teve direito a "lavagem de roupa suja" de diversos vereadores da base aliada contra o oposicionista Carmelo Neto (PL). Em pronunciamento na tribuna, Adail Júnior acusou o colega de recortar trechos descontextualizados de falas de outros parlamentares para a elaboração de vídeos para suas redes sociais. "Nunca vi isso, é um desrespeito, um vereador que quer usar o outro como escada".
Léo Couto (PSB) e Gardel Rolim (PDT) corroboraram com a reclamação. "Eu acho desrespeitoso, até desonesto, pegar um debate que muitas vezes demora 10, 15, 20 minutos, e cortar uma fala de três ou quatro segundos para fazer montagem", disse Gardel. Em resposta, Carmelo afirmou que todas as imagens utilizadas em suas redes são públicas e que os vídeos servem como forma de "prestação de contas" ao seu eleitorado.
Política é imprevisível, mas um texto sobre política que conta o que você precisa saber, não. Então, Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.