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"Izoldistas" planejam protesto interno contra decisão por pesquisa
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

"Izoldistas" planejam protesto interno contra decisão por pesquisa

Tipo Opinião
Izolda Cela, Roberto Cláudio e Ciro Gomes: tensão na reta final da indicação do candidato do PDT (Foto: TATIANA FORTES, em 12 de julho de 2015)
Foto: TATIANA FORTES, em 12 de julho de 2015 Izolda Cela, Roberto Cláudio e Ciro Gomes: tensão na reta final da indicação do candidato do PDT

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Com a divulgação da pesquisa interna realizada pelo PDT para o Governo do Ceará na noite de ontem, cresce pressão entre parlamentares que apoiam a pré-candidatura da governadora Izolda Cela (PDT) para que o levantamento não seja determinante na escolha do candidato do partido no Estado. Na pesquisa, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) já aparece em empate técnico contra Capitão Wagner (UB), com dez pontos percentuais à frente do cenário com a governadora.

No cenário com Roberto Cláudio, Capitão Wagner possui 44% das intenções de voto, contra 40% do ex-prefeito. Já com Izolda, Wagner pontua com 52% e a governadora com 30%. Os números foram divulgados na noite de ontem com exclusividade pela coluna.

Já na tarde desta quarta-feira, 6, diversos "izoldistas" afirmavam que preparam questionamentos internos caso o critério seja confirmado como decisivo. Para eles, a pesquisa desconsideraria histórico do grupo político e "significaria muito pouco" no atual momento do ano eleitoral, a mais de dois meses do início da campanha. Aliados de Izolda também destacam, por exemplo, maior potencial de crescimento da governadora, até pela visibilidade do cargo. Entre os números da pesquisa, destacam principalmente maior rejeição de Roberto Cláudio, que tem 37% no índice enquanto Izolda é rejeitada por 23%.

"Roberto Cláudio é mais conhecido, é normal que deva vir à frente. Izolda tem enorme potencial de crescimento, ela unifica e amplia", afirma um deputado federal aliado da gestora. Neste sentido, ele destaca ainda que a decisão por pesquisa desconsideraria "pesos políticos" importantes para a decisão, como o apoio do ex-governador Camilo Santana (PT) e da maioria dos partidos do arco de alianças no Estado.

O anúncio de movimento dos pedetistas amplia pressão interna no partido sobre o processo de escolha da candidatura do bloco governista para o Governo do Ceará. A questão também ocorre poucas semanas após o partido realizar uma espécie de "intervenção" interna pela união, com uma reunião de emergência convocada entre deputados estaduais da sigla.

Outro parlamentar que defende Izolda como candidata do PDT destaca que o critério nunca foi definitivo em processos anteriores de escolha de candidatura. Ele cita, por exemplo, a própria candidatura de Roberto Cláudio para prefeito de Fortaleza em 2012, quando o então deputado estadual aparecia em levantamentos iniciais com apenas 2% das intenções de voto. O critério também não foi importante em outras disputas, como quando Camilo Santana foi definido candidato a governador pelo grupo em 2014.

Nos últimos meses, Izolda recebeu adesão de diversas lideranças de partidos políticos da base aliada, como PT, MDB, PP e PV. O PT, por exemplo, tem repetido que poderá "seguir outro caminho" caso seja confirmada a escolha por Roberto Cláudio como candidato. Já o ex-senador Eunício Oliveira (MDB) tem repetido de forma enfática que não se aliará com o ex-prefeito, seu desafeto público há vários anos, para a disputa deste ano.

"Então, ela é uma boa candidata e meu partido aceita discutir o apoio à Izolda. Sendo o Roberto Cláudio, obviamente o MDB vai para qualquer outra posição", disse Eunício. Líderes maiores do PP e do PV no Estado, Zezinho Albuquerque e Marcelo Silva também já fizeram declarações públicas de apoio a Izolda, ampliando pressão sobre o PDT.

Realizada na semana passada, a pesquisa do PDT poderia ter sido divulgada desde a última segunda-feira, 4. O resultado, no entanto, ainda é guardado a quatro chaves pelo comando do partido no Ceará. Na semana passada, Ciro convocou reunião com os quatro pré-candidatos do PDT e reforçou que a pesquisa seria um dos critérios para a decisão. Outra reunião sobre o assunto foi realizada na tarde desta quarta-feira, 6.

Dois dias depois da fala do ex-ministro, a governadora fez publicação nas redes sociais minimizando pesquisas de opinião e defendendo que os aliados sejam ouvidos no processo."Para além de pesquisa, que fornece apenas o retrato do momento, a mais de três meses da eleição, penso que é preciso ter sempre em mente que o amplo diálogo e a união de forças têm sido fundamentais para o Ceará seguir em frente", disse.

 

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