O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Sem participar de nenhuma votação ou discussão do Senado Federal desde o final de maio, o senador cearense Cid Gomes (PDT) entrou nos últimos dias com uma série de pedidos de licença retroativos para as sessões de junho e julho da Casa.
Os pedidos foram justificados como licenças para "desempenho de missão política ou cultural de interesse parlamentar" e não geram ônus para o Senado. Ao todo, o senador já apresentou dez requerimentos de afastamento desde o início deste ano. O último pedido foi registrado por Cid ainda nesta terça-feira, 12, e dizia respeito à sessão de 6 de julho.
As licenças ocorrem em meio a um momento de grande acirramento no processo de definição da candidatura do PDT no Ceará – com forte polarização em torno de Izolda Cela (PDT) e Roberto Cláudio (PDT). Apesar da justificativa de “missão política” para os pedidos, deputados e líderes de partidos aliados têm se queixado justamente no sentido contrário, alegando ausência de Cid nos debates em torno do processo eleitoral cearense.
O senador não esteve presente, por exemplo, nas últimas reuniões conduzidas por Ciro Gomes (PDT) com os quatro pré-candidatos do PDT ao Governo do Ceará. Cid também não participou de encontro regional do partido do último dia 15 de junho, nem de outras reuniões realizadas nos últimos dias.
Nesta semana, o próprio presidente do PDT no Ceará, deputado André Figueiredo, confirmou o afastamento do senador, afirmando que Cid pediu ao irmão, o presidenciável Ciro Gomes (PDT), que o “representasse” na escolha do pré-candidato pedetista ao Governo. “O Cid pediu, nesses momentos finais, para que o Ciro o representasse", disse.
Antes, no início deste mês, o líder do Progressistas no Ceará, deputado Zezinho Albuquerque, chegou inclusive a fazer apelo para que Cid voltasse ao processo se lançando como pré-candidato ao Governo. “Se o Cid fosse candidato, estavam resolvidos todos os problemas”, disse, logo após assinar manifesto de partidos aliados pró-Izolda Cela.
Na página oficial do Senado, o último discurso de Cid foi registrado em 26 de maio, durante votação da Medida Provisória que fixou o valor de R$ 1.212 para o salário mínimo em 2022. Na ocasião, o senador se manifestou "absolutamente contra" o valor oferecido pelo governo Jair Bolsonaro (PL), que classificou como "ridículo" diante da atual inflação no País.
O senador cearense também não registra votos em deliberações da Casa desde a mesma época. Ao longo dos meses de junho e julho, o senador aparece nas votações do painel eletrônico do Senado Federal sempre com a legenda de “não compareceu” ou com ausência justificada por “atividade política ou cultural”.
Apesar de ocorrer há várias semanas, a ausência de Cid não recebeu ainda qualquer justificativa direta do senador. Sem versão oficial, o “sumiço” tem provocado todo tipo de especulação entre políticos cearenses – desde uma possível desavença de Cid com o irmão Ciro a até a possibilidade de um retorno dele como candidato do PDT ao Governo.
Ouvidos pela coluna, líderes de partidos aliados alegaram “não ter conhecimento” de qualquer participação de Cid nas últimas discussões do PDT no Ceará. Segundo um deputado próximo do senador, Cid estaria atualmente em sua residência na Meruoca, município próximo de Sobral, na região Norte do Ceará.
Política é imprevisível, mas um texto sobre política que conta o que você precisa saber, não. Então, Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.