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Capitão segue líder isolado, mas precisa evitar que PT e PDT polarizem debate
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Capitão segue líder isolado, mas precisa evitar que PT e PDT polarizem debate

Mesmo tendo oscilação negativa de um ponto, Wagner aumentou a distância entre o segundo colocado de dez para doze pontos percentuais
Wagner, RC e Elmano são os candidatos ao governo do Ceará mais bem colocados na pesquisa Ipespe (Foto: Fco Fontele e Aurélio Alves / O POVO)
Foto: Fco Fontele e Aurélio Alves / O POVO Wagner, RC e Elmano são os candidatos ao governo do Ceará mais bem colocados na pesquisa Ipespe

Segunda rodada da pesquisa Ipespe para a eleição de governador no Ceará, divulgada nesta quinta-feira, 25, pelo O POVO, reforça, mais uma vez, a existência de apenas uma certeza na disputa: a ocorrência de um 2º turno na corrida pelo Palácio da Abolição. Um dia antes do início da propaganda em rádio e TV, todas as outras variáveis seguem em aberto.

Líder isolado, o candidato do União Brasil, Capitão Wagner, oscilou negativamente para baixo, indo de 38% das intenções de voto para 37%. Apesar disso, a oscilação negativa de Roberto Cláudio (PDT) na nova pesquisa, indo de 28% para 25%, fez com que Wagner ampliasse sua distância para o 2º colocado, que foi de dez para doze pontos percentuais. Elmano Freitas (PT) aparece atrás, mas com o único crescimento, indo de 13% para 20%.

Com o resultado, Wagner reforça tese que já podia ser percebida na pesquisa anterior, que apontava grau mais elevado de convicção do voto entre seus eleitores – no início de agosto, 73% de seus eleitores descartavam qualquer chance de mudança de voto. Nada que surpreenda, uma vez que ele é o candidato há mais tempo colocado na disputa e é o nome mais consolidado como voz de oposição aos Ferreira Gomes no Estado.

Os riscos da polarização para Wagner

O favoritismo de Wagner para uma das vagas do segundo turno não é, no entanto, absoluto. Embora siga isolado na liderança, a pouca mudança do candidato entre os dois levantamentos, ocorrida ao mesmo tempo em que Elmano Freitas (PT) cresce sete pontos, sinaliza uma dificuldade – a ser confirmada com novas pesquisas – da campanha feita até agora pelo candidato de “furar a bolha” e conquistar novos eleitores.

Com o início do Horário Eleitoral Gratuito – que praticamente marca também o início de uma nova campanha – Wagner terá ainda em frente dois novos desafios. O primeiro é a alta expectativa de crescimento, mostrada inclusive pela campanha do UB, de Elmano Freitas, uma vez que será na televisão que ele irá explorar seu principal trunfo na disputa, a proximidade com o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador Camilo Santana (PT).

Vale destacar que, em pesquisas de vários institutos, Lula e Elmano são os principais eleitores do Ceará, influenciando positivamente o voto de todo o Estado, principalmente no Interior. Neste contexto, surge também a segunda dificuldade de Wagner: o risco de uma possível polarização entre PT e PDT, praticamente confirmada para o 1º turno, virar o principal “tema” da campanha deste ano.

Chumbo grosso

Com a oscilação de Roberto Cláudio e o crescimento de Elmano, a tendência é que a corrida estadual vire, já a partir de agora, uma briga direta entre PT e PDT. Com muito chumbo para trocar entre si, os agora ex-aliados podem acabar polarizando o debate da sucessão no Ceará, o que pode reduzir o protagonismo de Wagner na disputa.

A briga pode ser até boa para o Capitão na primeira etapa da corrida, mas traz o risco de ser má notícia no 2º turno – principalmente se setores do PT ou do PDT se unam contra o candidato do União Brasil para "apagar o incêndio" na base.

As estratégias de Wagner para evitar virar a “terceira via” no debate são muitas, algumas delas já sendo tocadas pelo candidato desde o início da campanha: reforçar o longo histórico de camaradagem entre petistas e pedetistas, o apelo de um rompimento mais “real” com o grupo que vem governando o Estado, a criação de uma nova hegemonia.

Até agora, Capitão Wagner vem tocando campanha serena, evitando ataques diretos contra candidatos e focando na articulação com lideranças aliadas pelo Interior. Com tal estratégia, permaneceu praticamente na mesma posição, oscilando um ponto negativamente para baixo em agosto. Vamos ver o que as próximas semanas dirão.

Segunda rodada

O Ipespe ouviu 1.000 eleitores do Ceará, com idade a partir de 16 anos, entre os dias 20 e 23 de agosto de 2022. A margem de erro do levantamento é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos e o intervalo de confiança estimado é de 95,45%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-04538/2022 e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) sob o protocolo CE-07968/2022.

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