O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
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Um dado interessante da 2ª rodada da pesquisa Ipespe, divulgada nos últimos dias pelo O POVO, mostra a influência da eleição presidencial na disputa no Ceará. Neste sentido, se destaca como eleitores de Jair Bolsonaro (PL) hoje basicamente só votam em Capitão Wagner (UB), enquanto eleitores de Lula (PT) se dividem entre candidaturas.
De acordo com o levantamento, 92% dos eleitores de Bolsonaro dizem que irão votar em Wagner, 3% em Roberto Cláudio (PDT) e apenas 1% em Elmano Freitas (PT). Entre bolsonaristas, só 3% dizem votar em branco ou nulo na disputa local. Nenhum outro candidato pontua neste grupo, nem há qualquer margem de indecisos.
A "monopolização" de votos apresentada por Wagner entre bolsonaristas, no entanto, não se repete entre eleitores do ex-presidente Lula. Entre aqueles que dizem votar no petista, 35% afirmam que irão votar em Elmano Freitas, 25% em Roberto Cláudio e 17% em Capitão Wagner. O índice de indecisos nesse segmento é alto, com 11% dizendo não saber em quem votará. Brancos e nulos são 10%.
O resultado ajuda a explicar por que Capitão Wagner tem evitado, até agora, se associar ao presidente Jair Bolsonaro na disputa. Como o candidato de Bolsonaro já não conta com quase 100% dos votos do presidente no Ceará, não faria sentido para ele fazer divulgação pesada do mandatário, correndo o risco de "espantar" eleitores de Lula no processo.
A recíproca, no entanto, é mais desvantajosa para o capitão de Brasília. Sem um candidato de peso na disputa local, Bolsonaro certamente terá menos votos que conseguiria caso tivesse um representante na corrida pelo Palácio da Abolição. Isso também explica recentes críticas e até "boicote" de bolsonaristas a eventos da campanha de Wagner no Estado.
Se Wagner evita a associação com o presidente, adversários dele na disputa correm no sentido contrário, o que também é explicado pelos números que aparecem na pesquisa. Nos últimos dias, inclusive, a campanha de Elmano Freitas (PT) aumentou o grau de aposta na associação entre o candidato do União Brasil e a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.
Em inserção que vem sendo veiculada diversas vezes no horário disponível à coligação do petista, são exibidas várias imagens do parlamentar ao lado do presidente. "Jornais e portais de notícias destacam com clareza o time de dois dos principais candidatos a governador nestas eleições", afirma um narrador na gravação.
"Capitão Wagner está com Bolsonaro. Elmano, com Camilo e Lula. São dois projetos de futuro, para o Brasil e para o Ceará, bem diferentes", continua, enquanto são exibidas imagens de encontros entre Wagner e Bolsonaro.
O narrador ainda repete mais uma vez: "Capitão Wagner com Bolsonaro e Elmano com Camilo e Lula. Pesquise, se informe, você vai decidir o futuro do Brasil e do Ceará". A ação ocorre após tanto Elmano quanto Roberto Cláudio (PDT) tentarem, em debate realizado na última segunda-feira, 29, associar o candidato ao presidente diversas vezes.
Apesar de ter recebido apoio explícito de Bolsonaro em duas situações, Wagner tem evitado a ligação direta com o gestor. Oficialmente, Capitão Wagner destaca que não pode declarar apoio público pois conta, em seu arco de alianças, com partidos com candidaturas próprias. O seu próprio partido, o União Brasil, lançou Soraya Thronicke (MS) na disputa.
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