O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Quarto colocado na disputa presidencial do ano passado, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) fez análise surpreendentemente honesta sobre o peso de sua própria candidatura no atual cenário político brasileiro. Destacando que seguirá militando politicamente e publicando obras com propostas econômicas para o Brasil, o pedetista disse não se considerar mais o representante de uma "corrente de opinião" no País, reforçando não ter hoje mais a intenção de voltar a disputar pela Presidência da República.
"Eu não represento mais uma corrente de opinião. Eu me sentia representando, mas não mais. Alguma coisa está errada comigo. Comigo, não com o povo", disse Ciro, durante palestra realizada na última sexta-feira, 12, na Universidade de Lisboa, em Portugal. "Eu vou continuar militando. Mas candidato, neste momento, eu não gostaria de ser mais não", disse.
Voltando a criticar polarização entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), Ciro afirmou que a dificuldade do petista em promover mudanças significativas na economia brasileira pode levar ao surgimento de uma "direita não caricata" nas próximas eleições, o que acabaria sendo, na avaliação de Ciro, pior para o País. "É o maior risco, chegar uma direita que não seja tão caricata, tão fácil de virar alvo".
O evento, que foi retransmitido pelas redes sociais do pedetista, acabou acontecendo na mesma hora em que o presidente Lula (PT) cumpria agenda em Fortaleza em ato com presença de diversos ex-aliados de Ciro, incluindo o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e o próprio governador Elmano de Freitas (PT).
Para quem acompanha os bastidores da política no Ceará, parece cada dia mais inevitável o início de algum nível de estranhamento entre o deputado estadual Carmelo Neto (PL) e o deputado federal André Fernandes (PL) em torno da disputa de 2024 pela Prefeitura de Fortaleza. Ambos muito bem sucedidos na eleição do ano passado, nenhum dos dois esconde o interesse pelo posto de representante do bolsonarismo no ano que vem, algo hoje ainda sem nenhum tipo de definição prática.
Deputado federal mais votado do Ceará, Fernandes é visto como o bolsonarista mais "raiz" dos dois, sendo alinhado às pautas mais rígidas do conservadorismo de direita. Autor do requerimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro e indicado pelo PL para integrar o grupo, Fernandes de certo terá muito espaço para ganhar visibilidade entre aliados de Bolsonaro - embora, por outro lado, a alta exposição possa sempre acabar saindo como mau negócio.
Carmelo, por outro lado, é visto como político mais articulado, cultivando diálogo com figuras de centro e até da esquerda, mesmo mantendo o perfil bolsonarista em todas as posições no Legislativo. Para se ter ideia, o ex-vereador recebeu elogios e felicitações até de petistas da Câmara Municipal ao ser eleito para vaga na Assembleia Legislativa em 2022. Seria, portanto, uma opção para ir "furar a bolha" bolsonarista, evitando uma pecha de autoritário que certamente seria colada em Fernandes.
Uma pecha, aliás, que sempre foi utilizada por petistas e pedetistas como estratégia - bem sucedida, diga-se de passagem - contra Capitão Wagner (UB), hoje atuando como secretário da Saúde de Maracanaú justamente para, entre outros pontos, acumular experiência de administração e tentar reverter a associação de adversários.
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