O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
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Um dos maiores críticos da recente aproximação entre a articulação política de Lula (PT) e Arthur Lira (PP-AL), o senador cearense Cid Gomes (PDT) alerta o petista afirmando que o presidente da Câmara deverá "aumentar a fatura" para articular aprovação de matérias de interesse do governo na Casa. Neste sentido, Cid diz ter certeza que Lira deverá buscar inclusive a indicação de um futuro ministro da Saúde da gestão.
"A gente vai ter que conviver com esse cara, e toda coisa que tiver ele vai criar uma dificuldade, para depois vir vender a facilidade. E pode ter certeza que o preço da venda da facilidade vai aumentar, essa fatura vai aumentar. Ele quer agora mostrar que entrega, quer trazer para ele os méritos da aprovação do arcabouço fiscal", diz Cid, que rejeita qualquer ligação entre uma articulação de Lira e a aprovação da matéria - que já contaria no mérito, segundo o senador, com ampla simpatia dos integrantes do Congresso.
"Essa fatura só vai aumentar, pode ter certeza. E escreva aqui o que eu estou dizendo: ele vai querer um ministério no governo do Lula, porque o PP não tem ainda. Tem o MDB, tem o PSD, tem o União Brasil, cada um com três ministérios. PDT tá lá, PSB tá lá. Ele vai querer também um ministério, e ele não vai querer qualquer ministério. Ele vai querer o ministro da Saúde, escreva o que estou lhe dizendo", afirmou Cid, durante evento na Assembleia Legislativa do Ceará na última sexta-feira.
Crítico do apoio concedido pela base de Lula à reeleição de Lira na presidência da Câmara dos Deputados, Cid tem histórico de rusgas com o parlamentar alagoano. Ainda em outubro de 2019, o senador fez duras críticas à articulação de Lira durante uma votação do Senado que alterava o uso de recursos oriundos do pré-sal, chegando a chamar o deputado de "achacador" e de "projeto de Eduardo Cunha".
"O que está acontecendo lá é que o presidente está se transformando numa presa de um grupo de líderes liderado por aquele que, podem escrever o que estou dizendo, é o projeto do futuro Eduardo Cunha brasileiro. Eduardo Cunha original está preso, mas está solto o líder do PP que se chama Arthur Lira, que é um achacador, uma pessoa que no seu dia a dia a sua prática é toda voltada para a chantagem, para a criação de dificuldades para encontrar propostas de solução", disse à época.
O presidente da Câmara rebateu as acusações, chegando a acionar o Conselho de Ética do Senado Federal contra a fala de Cid. "A fala do senador abusou da sua imunidade parlamentar, incorrendo em quebra de decoro, deixando de exercer com dignidade o seu mandato", disse Lira na ação, que acabou arquivada pela Casa.
Também na sexta-feira, Cid Gomes rejeitou a tese de que iria "tensionar" o PDT cearense na busca por substituir o deputado André Figueiredo (PDT) na presidência do partido no Ceará. Em 5 de maio, o senador disse em entrevista coletiva achar que representava o "sentimento majoritário" do PDT local e que teria "pretensão de vir a presidir o partido".
Na nova fala, no entanto, Cid disse que só falou da pretensão para minimizar "futricas" de bastidores que apontavam uma possível debandada sua do PDT para outro partido da base aliada de Elmano de Freitas (PT). "Quem pleiteia a presidência de um partido não está querendo sair dele, logicamente", diz o senador. Neste sentido, ele destaca ainda que todas as discussões sobre o futuro do PDT cearense "terão o seu tempo".
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