O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza, se reuniu no último fim de semana e decidiu por um "veto" local prévio a qualquer iniciativa que leve à filiação do atual prefeito em exercício do município, Rafael Marques (MDB), aos quadros da legenda.

Nas últimas semanas, cresceram os rumores sobre uma possível filiação de Marques, que é sobrinho de Carlomano Marques (MDB), prefeito afastado em abril após operação do Ministério Público do Estado (MPCE). Segundo a coluna apurou, a filiação estaria sendo articulada diretamente pelo deputado José Guimarães (PT), sem anuência do PT local.

“Rafael Marques faz parte de uma desastrosa gestão, juntamente com o seu tio Carlomano Marques”, destaca nota do PT de Pacatuba. Assinada pelo presidente municipal da sigla, Marcos Antônio Ferreira de Sousa, o documento ainda acusa Marques de integrar um “projeto de poder que não representa os ideais” do PT “muito menos os da população”. Integrantes do PT local acusam ainda a base aliada de Carlomano e Rafael de alimentar sentimento antipetista na Câmara Municipal de Pacatuba.

No cerne da questão, está uma preocupação de filiados sobre qual será a postura da sigla na eleição municipal de 2024. Adversários históricos do grupo de Carlomano no âmbito local, petistas de Pacatuba têm construído uma aliança para indicar a vice numa chapa encabeçada pela possível candidatura do deputado Firmo Camurça (UB) no município.

O caso, por sinal, remete muito ao que ocorreu em janeiro de 2022 com a filiação do deputado estadual Júlio César Filho (PT) ao partido. Na época, o diretório municipal do PT também protestou contra a migração do deputado, que ocorreu pela via estadual, não teve aval da municipal e ignorou rivalidade local histórica entre petistas e o grupo do deputado.

"Apenas rumores", minimiza presidente do PT Ceará

Procurado pela coluna, o presidente estadual do PT no Ceará, Antônio Filho – o Conin –, destaca que uma possível filiação de Rafael Marques existe hoje apenas como “rumores”. “Se tiver interesse mesmo, nós vamos dialogar com a municipal. O partido não vai fazer nada de cima para baixo, impor uma filiação”, afirma, destacando ainda que o prefeito está filiado hoje ao MDB, "nosso aliado".

Ele destaca também que o prazo de filiações para candidatos da eleição do próximo ano ainda está distante, para apenas março do próximo ano. “Temos até lá para conversar muito, e Pacatuba é um cenário bastante complexo. Queremos dialogar, ver quem ter perfil, é algo que deve ocorrer só no próximo ano mesmo”, destaca.