O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
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A Assembleia Legislativa do Ceará aprovou nesta quarta-feira, 9, uma série de requerimentos de deputados estaduais contrários à recente fala do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que defendeu uma união de estados do Sul e do Sudeste em prol de interesses da região no Congresso Nacional.
Ao todo, foram aprovadas moções de repúdio tanto do líder do governo na Casa, Romeu Aldigueri (PDT), quanto do deputado de oposição Cláudio Pinho (PDT). Na moção do pedetista, também é citado um “pedido de reconsideração” ao senador cearense Eduardo Girão (Novo), que negou que a fala de Zema tenha tido sentido preconceituosa.
Originalmente, o requerimento de Aldigueri falava em “repúdio” ao senador cearense, mas o texto acabou sendo alterado para “pedido de reconsideração” após diálogo com a oposição. “Acolha a presente moção de reconsideração do senador Eduardo Girão que endossa uma fala infeliz, veladamente preconceituosa, e separatista”, diz o novo texto, que entrou no portal da Assembleia na tarde desta quarta-feira, após a votação.
As notas foram aprovadas com 30 votos favoráveis, se manifestando de forma contrária os deputados Alcides Fernandes (PL), Carmelo Neto (PL), Dra. Silvana (PL), Emília Pessoa (PSDB) e Sargento Reginauro (União). Em discurso na Casa, Reginauro afirmou que Zema não é preconceituoso e foi apenas "nova vítima da criação de narrativas da esquerda".
Em discurso na Casa, o deputado Guilherme Sampaio (PT) “parabenizou” a iniciativa dos deputados pela manifestação de repúdio. “Nós, parlamentares de quaisquer estados, não podemos nos calar diante desse tipo de tese, que se não é combatida vai crescendo e se enraizando. Esse governador chegou a declarar que no Nordeste tem mais trabalhadores que pessoas que recebem o Bolsa Família. Foi esse o tom”, disse.
Em recente entrevista ao jornal Estado de São Paulo, Zema defendeu a criação de um bloco de estados do Sul e do Sudeste para defender interesses da região no Legislativo. A fala, no entanto, foi vista por políticos nordestinos como discriminatória contra o Norte e o Nordeste. Em um dos trechos da entrevista, o governador mineiro chega inclusive a comparar estados nordestinos como “vaquinhas que produzem pouco”.
A fala teve intensa repercussão no Legislativo do Ceará nesta terça-feira, 8, com tanto a Assembleia quanto a Câmara Municipal de Fortaleza apresentando moções de repúdio contra a fala. Em entrevista à GloboNews, o senador cearense Eduardo Girão, no entanto, negou preconceito na fala e classificou a repercussão do caso como “fake news”.
“É uma fake news que foi e estão querendo surfar, só que o feitiço virou contra o feiticeiro. É porque o governador Zema é humilde, é trabalhador, é honesto, é a cara do nordestino”, disse. Girão faz referência ao fato de que o veículo que primeiro publicou a entrevista, o jornal Estado de São Paulo, alterou a manchete da notícia após a repercussão do caso.
Inicialmente, a matéria foi divulgada com o título “Zema anuncia frente Sul-Sudeste contra o Nordeste e quer direita unida contra a esquerda”. Um dia depois, no entanto, a manchete foi alterada para "Zema anuncia frente para protagonismo do Sul-Sudeste e quer direita unida contra a esquerda". “Houve um equívoco tão grande do veículo que jogou essa informação, essa manchete equivocada, que ele mesmo voltou atrás”, diz.
A análise do senador, no entanto, é rejeitada por parlamentares cearenses tanto de esquerda quanto direita. Na análise dos deputados, a fala de Zema possui diversos trechos de claro preconceito contra o Nordeste. Questionado sobre a moção contra ele, Girão rebateu classificando o requerimento como uma ação “politiqueira”.
“É inacreditável que deputados dediquem tanto tempo a uma fake news já desmentida, fazendo um repúdio politiqueiro. Demonstrariam verdadeiro respeito aos cearenses e ao Nordeste caso se dedicassem a fatos escandalosos como, por exemplo, as fraudes do Consórcio Nordeste durante a pandemia. Por que ainda não repudiaram também os milhões torrados do suor do contribuinte cearense por um Acquario sem peixe e abandonado?”, disse.
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