O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
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A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou nesta quinta-feira, 7, projeto de lei que concede título de cidadão de Fortaleza ao deputado federal André Fernandes (PL). Originalmente incluída para ser votada na mesma sessão, proposta que concedia a homenagem também ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas a matéria foi retirada de pauta.
Durante a sessão, diversos parlamentares se manifestaram contrários à homenagem. “André Fernandes é o suco do bolsonarismo. É uma condensação do que tem de pior nessa cultura que deturpa, degrada e destrói a cultura brasileira”, disse Gabriel Aguiar (Psol), que exibiu imagens de diversos casos envolvendo o deputado o parlamentar.
Uma das imagens exibidas, por exemplo, envolve decisão de 2019 que condenou o deputado a indenizar o prefeito de Horizonte, Nezinho Farias (PDT), após acusação de envolvimento com “facção criminosa”. Outra decisão destacada por Aguiar foi condenação de Fernandes por ofensas machistas contra a jornalista Patrícia Campos Mello.
Adriana Nossa Cara (Psol), por sua vez, destacou investigação – já arquivada, no entanto, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) – contra o deputado por suposto incentivo aos ataques de 8 de janeiro contra a Praça dos Três Poderes. “Como é que uma Casa Legislativa, que se baseia no Estado Democrático de Direito, vai aprovar um título de cidadania para uma pessoa que fere a democracia?”, disse.
Antes, tanto Professora Adriana (PT) quanto Moura Taxista (PSB) criticaram a proposta. “Não vejo que esse deputado tenha o merecimento de receber o título de cidadão fortalezense. Nossa cidade tem histórico, um marco na luta pela democracia e pelos trabalhadores do nosso Estado, um Estado libertário, democrático, e esse título, no meu entender, vai de encontro a esses princípios”, disse Moura.
Autor da proposta, Inspetor Alberto (PL) discursou em defesa da indicação, chegando a levar uma bandeira do Brasil para a tribuna da Casa. Na fala, Alberto fez uma série de ataques a movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). “Isso é um bando de vagabundo, bandido, é isso aí que a esquerda gosta de defender”.
No discurso, o vereador chegou a dizer que mataria militantes que tentassem ocupar propriedades suas. “Se esse bando de vagabundo aí chegasse lá no meu sítio, na minha fazenda, ia morrer tudinho. Não ia ficar nenhum vivo. Era um favor que eu ia fazer”, disse. A fala foi repreendida na hora por Adriana Nossa Cara e Bruno Mesquita (PL), que determinou a retirada dos termos violentos dos anais do Legislativo.
Vice-líder do governo José Sarto (PDT), Carlos Mesquita (PDT) discursou a favor da medida, destacando o histórico da Câmara Municipal de concessão de homenagens. “Se formos puxar nos últimos dez anos quem foi homenageado por aqui, Cesare Battisti, Lula, Alckmin, que era bandido e agora não é mais, quantos não foram feitos (...) vou votar favorável não pelo mérito da coisa, mas respeitando o seu direito de vereador”, afirma.
“A ponto de a gente fazer um acordo, ‘responsabilidade do título é de quem dá’, e não se discutia mais isso. Se respeitava o direito do vereador de dar esse título”, disse ainda Mesquita, destacando votação de Fernandes em Fortaleza. “Foram mais de 100 mil votos em Fortaleza. Será que esses 100 mil não valem nada, vale não, é senil, é alienado? O estilo dele é polêmico? É, como é polêmico o estilo de outros aí”, afirmou.
Adail Júnior (PDT) também defendeu a aprovação da medida, também destacando votação de Fernandes na Capital e rebatendo falas da bancada do Psol. “Aí falam que gostam de democracia. Que gosta de democracia que nada, só da boca para fora. A hora de provar é agora, respeitar o sufrágio popular, essa votação”, afirma. Outros vereadores, como Priscila Costa (PL), Jorge Pinheiro (PSDB), Márcio Martins (Solidariedade) e Germano He-Man (PMB), também defenderam a aprovação.
Também incluída na pauta desta quinta-feira, proposta que homenagearia Jair Bolsonaro foi retirada de pauta a pedido do autor da proposta, Julierme Sena (União). Pedido ocorreu após conversa entre Sena e o vice-líder do governo José Sarto (PDT) na Casa, Didi Mangueira (PDT), uma vez que o autor estaria ausente de Fortaleza nesta quinta-feira.
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