
Carlos Viana é jornalista da área de Opinião do O POVO. Atua também na rádio O POVO/CBN com uma coluna semanal na área de inclusão
Carlos Viana é jornalista da área de Opinião do O POVO. Atua também na rádio O POVO/CBN com uma coluna semanal na área de inclusão
Amanhã, dia quatro de janeiro, celebramos o nascimento de Louis Braille, o francês que, em 1825, criou um sistema de leitura e escrita que leva seu nome e revolucionou a história dos cegos.
Nascido em Coupvray (França), Louis ficou cego aos três anos de idade, após perfurar um dos olhos. Aos dez anos, ele foi para uma instituição voltada para pessoas cegas criada anos antes em Paris.
Dono de uma inteligência ímpar, Braille criou, aos 15 anos de idade, um sistema tátil que permitia a leitura e escrita de cegos. No entanto, a vida de Louis não foi fácil, pois as pessoas não queriam adotar seu invento na educação de pessoas cegas. O sistema Braille só veio a ser oficializado após a morte de seu criador.
Passados quase dois séculos de sua criação, o sistema Braille continua sendo a principal forma de leitura e escrita de nós, cegos.
E este ano de 2024 é muito marcante em minha história com o Braille. Em 1994, quando tinha por volta de sete anos de idade, tive meu primeiro contato com a leitura, sendo alfabetizado por uma das maiores brailistas do Ceará, Ana Lúcia Franco, ou tia Ana, como a chamava.
A ânsia de aprender era muita, e no dia do meu aniversário de oito anos, li meu primeiro texto em Braille: "O pato", de Vinícius de Moraes.
Daí para a frente, não parei: devorava todo livro que passava por mim. Foi com o Braille que viajei com a turma do Sítio do Picapau Amarelo; que conheci o mundo mágico de Harry Potter; que fiquei elétrico com os suspenses de Dan Brown.
No entanto, a tecnologia, que tanto contribui para a inclusão das pessoas com deficiência, vem sendo cruel com o Braille. Hoje em dia, é cada vez menor o número de cegos que se interessam pelo Braille. Até nós, que tínhamos na nossa infância no Braille a principal forma de ter acesso a um livro, estamos o deixando de lado.
Mas isso não pode acontecer. Por mais que a tecnologia avance, o Braille é e continuará sendo a principal forma de leitura e escrita de pessoas cegas. E isso é perceptível: se você pegar um texto escrito por alguém que tem muita experiência com o Braille, verá que este tem mais qualidade, não só textual, mas também de pontuação.
Foi graças ao fato de ter me tornado brailista que hoje estou aqui. Não fossem as inúmeras horas que passei lendo os livros da biblioteca da escola, dificilmente teria chegado até onde cheguei.
Que este ano de 2024 seja repleto de muitas coisas boas, principalmente de
novos livros em Braille.
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