Carlos Viana é jornalista da área de Opinião do O POVO. Atua também na rádio O POVO/CBN com uma coluna semanal na área de inclusão
Carlos Viana é jornalista da área de Opinião do O POVO. Atua também na rádio O POVO/CBN com uma coluna semanal na área de inclusão
Nos últimos dias tenho recebido uma enxurrada de mensagens de colegas com deficiência desesperados, porque tiveram seus Benefícios de Prestação Continuada (BPC), bloqueados. Tentando entender a situação, descobri que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), está realizando um pente-fino nos beneficiários desse programa, com o objetivo de evitar fraudes no recebimento do dinheiro.
De acordo com o próprio INSS, as pessoas com deficiência devem atualizar seu CadÚnico, cadastrar a biometria e passar por perícia médica e avaliação social.
É mais do que legítimo que o INSS aperte o cerco, pois estamos falando de dinheiro público, que precisa ser bem empregado. A questão que me deixa com a pulga atrás da orelha é a forma como o INSS está fazendo esse procedimento.
Segundo muitas pessoas com quem falei, a notificação chegou em cima da hora. Em um dos casos, a pessoa deveria receber o benefício no dia 28 e a notificação chegou no dia 26. E aí, como, em tão pouco tempo, é possível realizar todos esses procedimentos?
Além disso, uma dificuldade enfrentada pelos beneficiários é a dificuldade para marcar os procedimentos no INSS, que já tem uma alta demanda no seu dia a dia, e precisa atender a mais essa solicitação. Soube de pessoas que só conseguiram agenda para abril do ano que vem. Até lá, claro, ficam sem receber o benefício.
Entendo que os gastos federais estejam nas alturas e que o Governo precisa cortar onde dá, e que o orçamento do BPC está estrangulado com novos benefícios, mas é doloroso você ouvir um áudio de uma pessoa às lágrimas, porque teve o benefício bloqueado, e só tem agenda para o ano que vem. "Como vou comer? De onde vou tirar dinheiro pra sobreviver", dizia essa pessoa.
E as perguntas que ficam são: onde estão as entidades que nos representam? Onde estão Ministério Público e Defensoria Pública? Quem vai socorrer essas pessoas? Como sempre, a corda só arrebenta do lado mais fraco. Nesse caso, o das pessoas com deficiência e suas famílias, que têm no BPC a única fonte de renda para seu sustento básico. Afinal de contas, estamos falando de pessoas pobres, em sua maioria sem acesso a uma educação de qualidade e ao mercado de trabalho.
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