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Ex-organizador da Marcha da Maconha anuncia saída do Psol após acusação de racismo
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Ex-organizador da Marcha da Maconha anuncia saída do Psol após acusação de racismo

Lucas Moreira foi acusado de ataques racistas e de estereotipar a cultura negra na festa "É o Gera - Baile Black"; o militante nega
O militante é ex-organizador da Marcha da Maconha e um dos nomes mais conhecidos da luta antiproibicionista no Ceará (Fotos: Deísa Garcêz/Especial para O Povo) (Foto: DEÍSA GARCÊZ/Especial para O POVO)
Foto: DEÍSA GARCÊZ/Especial para O POVO O militante é ex-organizador da Marcha da Maconha e um dos nomes mais conhecidos da luta antiproibicionista no Ceará (Fotos: Deísa Garcêz/Especial para O Povo)

O estudante Lucas Moreira, ex-organizador da Marcha da Maconha de Fortaleza, anunciou nas redes sociais que deve pedir desfiliação do Partido Socialismo e Liberdade (Psol). A decisão ocorre dias após polêmica envolvendo uma acusação de racismo contra o militante.

Lucas, que também é DJ e produtor, foi criticado por conta da organização da festa "É o Gera - Baile Black", realizada em 24 de novembro. Em uma publicação divulgando o evento no Instagram, diversas pessoas acusaram a festa de fazer uso estereotipado da cultura negra como “tema” e questionaram a presença de dois DJs brancos entre os convidados.

Em resposta, Lucas discutiu com vários dos críticos, negando as acusações e afirmando que os ataques teriam “motivações pessoais”. Depois, um outro militante do Psol e amigo do DJ entrou na discussão, chegando a ameaçar um dos adversários com violência física. No último sábado, o setorial de negritude do Psol-CE publicou nota condenando “sequência de ações racistas” no caso.

“O fato de não ter buscado orientar-se à partir de pessoas negras quando questionado desencadeou uma sequência de ações racistas com estigmatização e animalização de nossos irmãos e irmãs apresentando-os como pessoas perigosas e violentas”, diz a nota, que defende afastamento dos dois do Psol, além da proibição de ambos disputarem cargo pela sigla em 2020.

Depois da polêmica, Lucas Moreira decidiu não tocar na festa e, na última sexta-feira, 29, publicou nota onde negou racismo no caso. “Venho por meio desta me pronunciar pra reconhecer que tive atitudes que soaram discriminatórias com pessoas negras em um país extremamente racista”. Nesta segunda-feira, 2, ele comunicou decisão de desfiliação do Psol.

Procurada pelo O POVO, uma integrante do setorial de negritude do Psol-CE reforçou repúdio ao “uso da luta negra enquanto temática”, mas disse que não foi intenção do grupo “expulsar” o militante do partido. “Não era uma ação para punir, expulsar. Nosso objetivo era a formação, o tratamento, que eles chamassem os movimentos, escutassem e mudassem essa visão”, diz.

Militante antiproibicionista

Militante do Psol há vários anos, Lucas trabalhou como fotógrafo no gabinete de parlamentares do Psol, mas não possui mais relação com nenhum parlamentar da sigla. Em 2016 e 2018, ele foi candidato, respectivamente, a vereador de Fortaleza e deputado estadual, se apresentando como organizador da Marcha da Maconha e com foco na descriminalização das drogas.

Após a polêmica, a página do evento lançou nota afirmando que Lucas está afastado da organização desde 2017, e rompendo publicamente com o militante. "A Marcha da Maconha Fortaleza se posiciona no debate antiproibicionista denunciando o genocídio da população negra na farsa da ‘guerra às drogas’, usada como uma das estruturas do racismo que normaliza a morte e encarceramento de jovens negros”.

Foto do Carlos Mazza

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