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Há 60 anos: o dia em que o Brasil importou tratores por cachaça
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

Há 60 anos: o dia em que o Brasil importou tratores por cachaça

Em 10 de janeiro de 1960, o então governador de Minas Gerais, José Francisco Bias Fortes, confirmou a compra de uma série de tratores dos Estados Unidos da América
Curioso caso foi registrado em coluna do jornalista Henrique Pongetti em janeiro de 1960 (Foto: Banco de Dados/O POVO)
Foto: Banco de Dados/O POVO Curioso caso foi registrado em coluna do jornalista Henrique Pongetti em janeiro de 1960

Em 10 de janeiro de 1960, o então governador de Minas Gerais, José Francisco Bias Fortes, confirmou a compra de uma série de tratores dos Estados Unidos da América. O curioso foi a “moeda” usada na troca: cachaça. Isso mesmo, deu cana por trator.

O curioso episódio foi publicado no O POVO de 11 de janeiro daquele ano, na coluna do jornalista Henrique Pongetti, e redescoberto agora, na semana de seu “aniversário” de 60 anos, pelo historiador Fred Souza.

"Das pequenas notícias dos últimos dias, destaco, como maior, a da troca de cachaça brasileira por tratores norte-americanos. Deu-a o chefe do nosso Escritório Comercial em Nova Iorque, sr. Medaglia. Caberia à cachaça mineira a honra da operação, que se faria sob os auspícios do Governador Bias Fortes", registra a coluna.

Manifesto cachacista

O jornalista aproveita para fazer uma defesa da nacionalista da cachaça brasileira. "Nossa cachaça precisa deixar de humildades e tomar posição no conselho mundial de bebidas. Temos agido colonialisticamente com o nosso álcool mais simples e mais sincero (...) se a nossa branquinha não é melhor do que o rum e a vodka, também não é pior”, diz.

"Deve-se reconhecer a influência dos rótulos pitorescos, e às vezes acanalhativos, no desprestígio da caninha aos olhos dos bebedores de bebidas de origem estrangeira. Positivamente, não posso entrar na loja e pedir ao vendedor uma garrafa de REBOLA MEU BEM ou de LEITE DE CABROCHA (...) sem ter bebido antes um trago de Red Label ou President para criar coragem”.

E conclui o manifesto: “A cachaça precisa sair da sua humildade e, ao mesmo tempo, criar dignidade. Rótulos sóbrios, solenes, distintos, com nomes imponentes e aristocráticos, como fazem os franceses com seus vinhos, tão bons de se pedir como de se beber".

E tudo isso por cachaça mineira. Imagine se os americanos tivessem provado da cearense.

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