O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Mesmo tendo hoje realização ainda incerta, a eleição municipal deste ano não deixou de provocar movimentações de todo o tipo entre a classe política cearense. Mesmo sob a ameaça do novo coronavírus e seu efeito ainda incerto sobre o calendário da Justiça Eleitoral, todos os prazos para a disputa vêm sendo cumpridos à risca pelos pretensos candidatos, o que sinaliza, pelo menos a preço de hoje, que a expectativa geral é de que o pleito ocorra normalmente ainda em outubro - com ou sem solução para a crise sanitária. Ninguém parece disposto a apostar em outra coisa.
Nesse sentido, correu em abril o prazo para a janela de trocas partidárias, e terminou com quase metade dos vereadores de Fortaleza trocando de siglas de olho na disputa deste ano. Nesta etapa prévia da disputa, quem saiu na frente foi o PDT, partido do prefeito Roberto Cláudio, que conseguiu "inflar" de 11 para 16 vereadores sua bancada no Legislativo. Já siglas aliadas de primeira hora de RC, como o PSD e o PSB, figuram entre as que mais cresceram na Casa, atraindo novos parlamentares e pré-candidatos.
Principal nome da oposição ao prefeito, o deputado Capitão Wagner (Pros) parece seguir firme no sentido de se aproximar com setores mais conservadores do eleitorado da Capital. No início do ano, o pré-candidato conseguiu atrair para seu arco de alianças o Republicanos, sigla fortemente ligada com a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) na política local. Principal liderança da sigla no Congresso, o ex-ministro e vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), é bispo licenciado da instituição.
No Ceará, o principal líder da sigla, deputado Ronaldo Martins, também é bispo licenciado e já apresentou programas de rádio e televisão da entidade, criada e liderada pelo bispo Edir Macedo. Ainda que não confirmadas oficialmente, são públicas e notórias as muitas relações entre a instituição evangélica neopentecostal e o Republicanos, sendo a maior parte de suas lideranças e indicações de alto escalão formada por pastores da Universal.
Novas adesões
Agora, Wagner parece trilhar caminho para se aproximar de outros grupos conservadores do Ceará. No último fim de semana, estiveram reunidos com o pré-candidato os pastores evangélicos e deputados Dra. Silvana (PL) e Jaziel Pereira (PL), alguns dos nomes mais conservadores da bancada cearense na Assembleia e na Câmara dos Deputados, respectivamente. Nas duas Casas, mas principalmente no parlamento local, os dois frequentemente lideram teses críticas às que são adotadas por Camilo Santana (PT).
Apesar de não afirmarem ainda categoricamente que o encontro simbolize uma adesão à pré-candidatura de Wagner, Silvana e Jaziel já divulgaram imagens da reunião nas redes sociais, despertando comentários na base aliada de Roberto Cláudio. Até então, mesmo críticos a medidas adotadas pelo governo, como a de fechar igrejas evangélicas por conta da epidemia da Covid-19, Dilvana e Jaziel se diziam membros da base aliada do governador.
QUARENTENA RENOVADA
Não surpreende decisão do governador Camilo Santana em renovar por mais uma vez o decreto de isolamento social do Ceará. Do último domingo até ontem, 76 pessoas morreram no Estado vítima do novo coronavírus. Nesse mesmo período, pelo menos outras 384 pessoas foram diagnosticadas com a doença, com o Estado atingindo uma barreira alarmante no sentido do esvaziamento de leitos de UTI disponíveis para tratamento de casos graves da doença.
Além disso, foi na semana que o Estado começou a registrar concentração maior de casos na periferia do que nos bairros nobres de Fortaleza, onde surgiram os primeiros focos de disseminação da Xovid-19. Seria estranho imaginar que, no momento em que a doença parece avançar mais do que nunca, o governo tomasse medida em outro sentido. Mais difícil ainda, portanto, seria conseguir argumentos científicos para este fim.
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