O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Nome certo para a sucessão de Sergio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública, o atual secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, foi um dos únicos membros do governo Jair Bolsonaro a se posicionar publicamente sobre o movimento de paralisações ocorrido na Polícia Militar do Ceará no início deste ano. Mesmo sem ter sido provocado formalmente por nenhuma das partes, o ministro foi espontaneamente às redes sociais em 25 de fevereiro para condenar o movimento de militares cearenses, que promoviam à época motim e ocupação de quartéis da corporação na busca por melhores condições de trabalho.
"Tenho muito orgulho de ser policial militar. Entendo, compreendo e concordo com muitas das reivindicações dos meus irmãos de farda. No entanto, não apoio a paralisação das atividades de policiamento ostensivo, pois é inconstitucional e prejudica nosso bem maior: nossa sociedade", disse Oliveira, que, além de advogado, é major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF). Aliás, patente bem baixa para a posição que poderá ser indicado pelo presidente.
A postura de Oliveira foi bem diferente da adotada por Moro no exercício do cargo. Durante toda a crise, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública evitou condenar publicamente os policiais, destacando em passagem pelo Ceará a "dedicação dos profissionais". A fala frustrou expectativas de autoridades locais, que esperavam apoio mais enérgico do então ministro pela retomada de atividades dos agentes. No mesmo dia das declarações, fala de Moro foi motivo de comemoração de amotinados, que a classificaram como "cirúrgica".
Vale destacar a velocidade com que o deputado estadual André Fernandes (PSL-CE) "superou" saída de Sergio Moro do governo Jair Bolsonaro. Na quinta-feira, 23, quando surgiram primeiras notícias não confirmadas da saída do então ministro da Justiça e Segurança Públicado governo, Fernandes foi às redes sociais "desmentir" a história: "Moro não pediu pra sair, o resto é falácia e fake news da Fôia de São Paulo".
Menos de 24 horas depois, quando a informação foi confirmada pelo próprio Moro em coletiva, o discurso do deputado deu uma guinada rumo à defesa de Bolsonaro. Primeiro, comemorou que o País poderia "enfim ter um ministro da Justiça armamentista". Horas depois, sugeriu interesses eleitorais do ex-ministro e até que a saída dele estaria ajudando Rodrigo Maia (DEM-RJ) em momento de críticas à condução do Congresso.
"Se houve 'tiro no pé de Bolsonaro', quem deu foi Sergio Moro ao abandonar o barco em momento tão crítico. Moro será candidato em 2022 e já começou campanha". Antes, Fernandes era dos mais entusiasmados defensores do ex-ministro. Na época em que surgiram denúncias da chamada Vaza Jato (hoje usadas por bolsonaristas para atacar Moro), o deputado chegou a gravar vídeo dizendo estar "1000%" ao lado do ex-ministro Pelo visto, não houve período de luto após o rompimento.
Uma curiosidade: Carla Zambelli (PSL-SP), deputada federal que teve diálogos com Sergio Moro vazados pelo próprio ex-ministro ao Jornal Nacional, se casou no início do ano com o coronel da PM cearense Aguinaldo de Oliveira, diretor da Força Nacional. Na ocasião, Moro foi o padrinho do casamento. No dia em que foi encerrado a paralisação de militares cearenses, Aguinaldo fez discurso elogiando os amotinados, que classificou como "gigantes".
O deputado estadual Delegado Cavalcante (PSL), um dos principais articuladores do Aliança pelo Brasil no Ceará, riu ao ser questionado sobre uma possível candidatura de Sergio Moro à Presidência: "O PT odeia ele, os partidos de esquerda todos odeiam ele. E aí agora ele arranjou uma ruma de inimigos na direita também. E um Centrão não vai querer nem confiar em um cara desses. Então vai disputar com apoio de quem? Observando pelos dois lados, é até bastante engraçada a situação do Moro".
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