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"Superjunho" de muitas definições no cenário político
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O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política

Carlos Mazza política

"Superjunho" de muitas definições no cenário político

Tipo Opinião

Aberto logo após um dos fins de semana mais atribulados do cenário nacional em tempos, o mês de junho de 2020 começa hoje com cara e jeito de que se tornará um "divisor de águas" da política brasileira em vários sentidos. Com tensões entre os Três Poderes perto do ápice e na véspera de prazos para definições importantes, o período de São João promete ter poucos dias de tranquilidade dentro da arena política.

Na crise do novo coronavírus, começa hoje o primeiro dia do projeto de reabertura gradual da economia do Ceará, articulado ao longo de maio pelo governador Camilo Santana (PT) e pelo prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT). Nos últimos dias, os dois têm destacado a importância das primeiras semanas dessa "transição" para definir como o Estado deverá sair da crise, que já dura mais de dois meses entre adoção de medidas de isolamento social e pressões do empresariado pela retomada.

Até então se destacando como alguns dos gestores mais cautelosos com relação ao vírus do País, inclusive adotando medidas precoces de contenção da doença, Camilo e RC têm agora chamado atenção pelo "otimismo" com relação aos impactos da reabertura desta segunda-feira. Na sexta-feira passada, o prefeito chegou inclusive a afirmar que a retomada, por incluir inicialmente apenas alguns segmentos específicos da economia, mudaria "pouquíssima coisa" no cotidiano da população.

O que se viu na prática, no entanto, foi bem diferente. Desde o dia em que anunciaram o plano de reabertura, se acumulam nas redes sociais registros de festas e aglomerações espalhadas pela cidade. No sábado, várias lojas do centro de Messejana funcionavam "a meia porta", em um simulacro de isolamento social certamente pouco efetivo para controlar o vírus. Nas últimas semanas, Fortaleza tem conseguido controlar o surgimento de novos casos no Estado. Abrindo agora, não estaríamos colocando tudo isso a perder? Só a aderência da população ao lockdown (e o poder de fiscalização do Estado) que poderão dizer.

André e o plenário

Definição importante ocorre também na Assembleia, que pode votar representação contra o deputado estadual André Fernandes (PSL), acusado de caluniar o colega Nezinho Farias (PDT), no Conselho de Ética da Casa. A ação, que estava travada desde o final do ano passado, pode enfim vir a plenário nesta semana. Vale lembrar que, inicialmente, se estudava punição leve ao deputado, com 30 dias de suspensão, mas que pode ser aumentada diante das muitas reincidências do deputado em polêmicas. 

Descompatibilização

Já nesta quinta-feira, 4, ocorre a data limite para a descompatibilização de secretários que desejam disputar cargo de prefeito nas eleições deste ano. Na semana passada, a secretária-executiva de Políticas sobre Drogas, Mirian Sobreira (PT), deixou o governo Camilo de olho em disputar pela Prefeitura de Iguatu. Em Fortaleza, todos os olhos estão voltados para o secretário Samuel Dias (Governo), braço-direito do prefeito Roberto Cláudio. A preço de hoje, um pedido de exoneração dele praticamente confirmaria seu favoritismo como candidato a prefeito com apoio do PDT.

SEMANA promete mais tensão entre Bolsonaro e o STF
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
SEMANA promete mais tensão entre Bolsonaro e o STF

Tensões em Brasília

Tensões em Fortaleza e no Ceará, mas tensões também na Capital Federal, onde cresce o desgaste entre Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal por conta de investigações em andamento na Corte. Mesmo que o presidente não goste, as imagens de manifestantes em protestos em defesa da democracia foram o grande fato político do fim de semana, trazendo novo componente para recente onda de ataques e ameaças indiretas do clã Bolsonaro às instituições.

Não se sabe ainda, no entanto, se os protestos virarão onda nas próximas semanas. Uma coisa, no entanto, é fato: Bolsonaro e a defesa de seu governo não monopolizam mais a agenda de manifestações populares no País.

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